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A educação corporativa e o risco de erosão do protagonismo

Arraigada nas entranhas corporativas, a cultura de comando e controle pode estar escondida até na melhor das intenções de desenvolvimento. Muito se engana quem só vê paternalismo em convocações de volta aos escritórios ou nas ações de micro gerenciamento dos líderes de pensamento antigo.

Ao assumir a responsabilidade excessiva pelo desenvolvimento dos funcionários, a área de RH também corre o risco de arbitrariamente limitar a autonomia e sufocar o protagonismo de carreira, entregando um caminho pronto de qualificação.

Uma estratégia de desenvolvimento que desconsidera o indivíduo e seus interesses não tem como dar certo. Os resultados de uma recente pesquisa feita pela equipe da plataforma eLearning Industry com 1.000 profissionais de diferentes áreas nos Estados Unidos explicitam isso.

Com base na oferta de treinamento disponível em suas organizações, um em cada três trabalhadores entrevistados disse preferir que a empresa realoque os recursos gastos para outro benefício.

São trabalhadores que prefeririam receber subsídios para academia ou outros benefícios de saúde e bem-estar a fazer os treinamentos oferecidos no atual portfólio de desenvolvimento da empresa.

Trata-se de um dado entristecedor e que mostra a tamanha desconexão entre a oferta de treinamento e a expectativa de aprendizagem contínua dos funcionários. De acordo com a pesquisa, os entrevistados classificaram as oportunidades de treinamento oferecidas como ultrapassadas, irrelevantes e uma perda de tempo!

A falta de participação dos funcionários na construção do portfólio de treinamentos é um dos motivos que respondem pela falta de engajamento em processos de treinamento. Uma das recomendações da eLearning Industry é que haja pesquisas periódicas sobre a necessidade de aprendizagem dos funcionários. O que de fato é relevante para o dia a dia de trabalho do profissional e para seu avanço na carreira?

A criação de programas personalizados é também um dos pontos levantados pela pesquisa já que uma das principais críticas aos programas de aprendizagem e desenvolvimento existentes é que os funcionários não enxergam como esses programas podem beneficiar suas carreiras. É a falta de resposta à famosa pergunta: “que vantagem Maria leva”?

É preciso dar clareza ao processo de desenvolvimento, mostrando quais competências e habilidades são necessárias para cada novo passo na jornada dentro da organização.

Treinamentos genéricos e sem ancoragem na realidade da necessidade do time empurram profissionais curiosos para as ofertas de desenvolvimento fora da organização, o que pode contribuir para o turno ver de talentos.

Para os que ficam na organização, em última análise, entendo que essa lógica de desenvolvimento termina por erodir a chamada accountability, a auto responsabilização, uma das bases do protagonismo de carreira. Um caminho pronto e genérico relega ao indivíduo um papel inerte: cumprir uma carga horária de treinamento pré-definido pela empresa e aguardar diretrizes.

A erosão da responsabilidade pela trajetória de carreira é um risco real que pode ser evitado com planejamento que deixe claro qual é o papel do indivíduo, do líder e da organização.

O líder é um educador e um mentor de desenvolvimento. Ele deve ajudar os funcionários a desenvolverem suas habilidades e competências, mas não deve assumir a responsabilidade pelo seu sucesso. Nem tudo é culpa do líder.

O RH deve criar oportunidades para que os trabalhadores assumam a responsabilidade por seu desenvolvimento. Isso pode ser feito por meio de desafios, projetos e oportunidades de aprendizagem que tenham espaço de escolha e protagonismo. Os profissionais precisam entender que são responsáveis por sua carreira, mas que a organização está disposta a ajudá-los.

Personalização do trabalho: customizando trilhas de desenvolvimento

A customização da experiência de desenvolvimento numa organização é uma das principais tendências de atração de talentos. Em um contexto de incertezas, marcado por mudanças velozes, a uniformidade para modelos de gestão de pessoas tornou-se tão antiquada quanto a oferta de um plano de carreira. E isso é parte de uma profunda transformação no mundo do trabalho.

Durante muito tempo, a carreira era da empresa. Estudava-se para obter um emprego e a carreira passava, dali em diante, a ser conduzida pela companhia, por meio de um plano de carreira, previsível e linear. A era do emprego acabou. Hoje estamos no que venho chamando de era da personalização, marcada pela individualização do projeto de carreira, onde a gestão é feita pelo próprio indivíduo.

Os ciclos encurtaram e a trajetória profissional, antes vista unicamente como uma sequência de cargos, é entendida atualmente como um conjunto de experiências significativas de trabalho. Está na base da personalização que a escolha do caminho seja do indivíduo.

Uma das principais dúvidas sobre a adequação desse modelo de carreira está na escalabilidade dele. É muito comum ouvir de profissionais de RH: como falar em personalização para uma grande operação?

Na prática, a base cultural da personalização é adaptável a grandes e pequenas empresas. São cinco os alicerces formados por comportamentos e atitudes possíveis em pequena e grande escala.

1. Protagonismo e responsabilização do indivíduo sobre a carreira A carreira é do indivíduo. Cada profissional deve ser encorajado a identificar seus interesses e objetivos de carreira e assumir o controle de seu próprio desenvolvimento.

As organizações devem criar uma cultura que valorize a autogestão e a aprendizagem contínua, capacitando os trabalhadores a tomarem decisões e traçarem seus próprios caminhos de crescimento. A empresa pode oferecer (parte do) recurso para que cada um faça o seu caminho.

Muitas empresas têm conseguido dar protagonismo aos funcionários em oferecendo no trilhas customizáveis de desenvolvimento. A personalização é uma das funcionalidades de softwares educacionais LMS (abreviação para Learning Management System) que gerenciam, organizam e oferecem material de treinamento online.

2. Diálogos para apoiar o desenvolvimento É fato que a mudança de um padrão ancorado em comando e controle por 100 anos para um modelo de protagonismo individual pode deixar muitos trabalhadores se sentindo perdidos.

Daí a importância do papel do líder-conselheiro. O líder dá suporte ao desenvolvimento dos funcionários. Eles devem investir tempo em conhecer os interesses e ambições individuais de suas equipes.

Através de diálogos regulares sobre a vida profissional, os líderes podem atuar como conselheiros de carreira, fornecendo orientação, apoio e feedback construtivo.

O simples ato de dialogar sobre carreira aumenta o engajamento dos trabalhadores, criando um ambiente propício ao crescimento pessoal e profissional. O líder que desenvolve talentos dialoga sobre carreira com a equipe.

3. Livre-movimentação Para que as trilhas personalizadas de desenvolvimento e carreira sejam eficazes, é fundamental que as organizações ofereçam segurança psicológica e liberdade de movimentação interna.

Os funcionários devem estar confortáveis para dizer o que pensam e explorar diferentes áreas e funções, adquirindo novas habilidades e ampliando sua experiência. A mobilidade interna não apenas desenvolve e enriquece a trajetória profissional do trabalhador, mas também contribui para a retenção de talentos e o compartilhamento de conhecimentos dentro da organização.

4. Estímulo à curiosidade A curiosidade é a bússola da jornada de aprendizagem e já dediquei a minha coluna de maio deste ano falando da sua importância. Ao criar um ambiente que valorize a curiosidade, as organizações cultivam uma cultura de aprendizagem, inovação e de aprimoramento constante.

As organizações devem incentivar a curiosidade dos funcionários, proporcionando-lhes oportunidades de aprendizado e crescimento. Isso pode incluir a participação em projetos desafiadores, a realização de cursos e treinamentos relevantes, a oferta de conteúdo relevante e o estímulo à busca por novos conhecimentos.

5. O novo PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) Há muito tempo, o PDI tem sido usado como ferramenta para organizar e colocar em prática as ações de desenvolvimento técnico e comportamental.

Construído e acompanhado em conjunto pelo profissional e seu líder, o novo PDI não está mais a serviço da correção de problemas de performance apontados pela liderança. A personalização passa pelo estímulo para que cada um construa o seu projeto de carreira, com base em seus interesses, ambições, satisfação e propósito. Nesta nova abordagem, o PDI é o reflexo desse projeto, complementado com inputs dos gestores, sobre performance e resultados.

O novo PDI está a serviço do projeto de carreira do trabalhador. Isso é, por definição, a personalização do trabalho.

Conscious quitting, qual o recado desta tendência?

A complexidade, a incerteza e a ambiguidade que marcam a realidade atual têm exigido dos profissionais uma série de competências cognitivas, sociais e emocionais para seguir avançando na carreira.

O mais recente relatório sobre o futuro do trabalho, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, destacou habilidades que devem ganhar ainda mais força nos próximos cinco anos, segundo entrevistas feitas com empregadores.

Num mundo em que a adoção da inteligência artificial ganha força, os humanos com pensamento analítico, capacidade de inovação, aprendizagem contínua, senso crítico aguçado e criatividade serão os mais disputados pelas empresas. Em terra de robôs, será preciso algo mais para se destacar.

Sob o risco de perder o posto para a automação, os indivíduos precisam investir na capacidade de aprendizagem contínua, assumindo as rédeas de seu desenvolvimento, buscando apoio, explorando recursos oferecidos pela empresa, trilhando o caminho com mais autonomia.

Esse perfil profissional assume uma identidade mais crítica e propositiva. São indivíduos que tendem a estar mais atentos às eventuais incongruências entre o que uma empresa prega e o que faz. Não compram mais a velha retórica corporativa, nem se iludem com  boas técnicas de storytelling. Querem vivenciar o discurso da organização na prática e doar sua força de trabalho para empresas com impacto positivo na sociedade.

Este é um dos achados de uma pesquisa recente realizada pelo ex-CEO da Unilever, Paul Polman,  defensor do capitalismo consciente e autor do livro “Impacto Positivo- Como empresas corajosas prosperam dando mais do que tiram”.

O estudo 2023 Net Positive Barometer avaliou as expectativas e atitudes dos funcionários em relação ao impacto das empresas no mundo. Dos  4 mil respondentes – entre profissionais dos Estados Unidos e do Reino Unido -, cerca de metade consideraria pedir demissão se os seus valores não estivessem alinhados aos do negócio. Um terço dos entrevistados disse que esse já foi, inclusive, motivo para deixar uma organização.

Entre profissionais da geração Z, o índice é ainda maior: 49% dos jovens do Reino Unido e 40% dos norte-americanos já pediram demissão por falta de alinhamento com valores e práticas de empresas.

Esses números mostram que valores e impacto positivo da organização no mundo são poderosos ativos de atração e retenção de talentos. Segundo Polman, do fenômeno quiet quitting, a demissão silenciosa, partimos para o conscious quitting: a saída consciente.

É claro  que os  trabalhadores continuam querendo melhores salários e flexibilidade. O ponto aqui é o risco de uma visão reducionista de um colaborador. É preciso ir além do que já deveria ser óbvio. Há algum tempo, compartilho a abordagem do pesquisador e professor Mark Savickas sobre life-design.  Nela, a gestão da vida pessoal e profissional está conectada a valores, interesses e habilidades.

A vida e o trabalho estão intrinsecamente ligados, sendo inseparáveis do contexto que nos cerca. Conforme colocado por Polman, estamos imersos em um mundo pós-pandêmico, marcado por eventos climáticos extremos, guerras e desigualdade abundante. Isso torna ainda mais importante que as organizações busquem alcançar um impacto positivo significativo em suas comunidades, agindo com mais ambição e propósito nessa jornada.

Quanto mais os profissionais se desenvolvem na carreira e adquirirem justamente as habilidades citadas no começo do artigo, menor a chance de se ligarem a organizações (e líderes) desconectados da realidade e das transformações. Estamos numa nova era do trabalho e de investimentos mais responsáveis. Manter altos padrões ESG, medindo sustentabilidade e impacto ético, reduz o perfil de risco da empresa e aumenta o poder de atração e retenção dos novos talentos.

Estímulo à curiosidade é imprescindível na cultura de aprendizagem

A cultura de aprendizagem como condição para a sustentabilidade das empresas não é uma novidade. Já na década de 1990, o autor Peter Senge destacava a importância do incentivo organizacional à aprendizagem em todos os níveis da companhia, no clássico “A Quinta Disciplina”. O livro se baseia na ideia de que as empresas deveriam ser encaradas como organizações que aprendem.

Nos últimos trinta anos, a abordagem de Senge ganhou um componente importante: a velocidade exponencial da transformação digital e seus efeitos na agilidade de resposta exigida das empresas e suas equipes.

A adoção de uma cultura de aprendizado contínuo e ágil torna-se imprescindível para que as organizações e profissionais possam se adaptar rapidamente às mudanças do mercado e manter sua competitividade em um ambiente cada vez mais dinâmico e desafiador.

Conhecimentos e habilidades relevantes hoje podem não ser mais suficientes para enfrentar os desafios e oportunidades de amanhã. Um relatório do Fórum Econômico Mundial, publicado em outubro de 2020, já mostrava como a pandemia de covid-19 havia acelerado a necessidade da aprendizagem ao longo da vida. O chamado lifelong learning entrou para a lista de habilidades mais demandadas até 2025, destacadas à época.

No fim de 2022, tivemos uma amostra tangível do impacto da velocidade de avanços tecnológicos no mercado. O lançamento do Chat GPT, pela Open AI, é só o prenúncio de uma grande transformação em que só os curiosos vencerão.

A curiosidade é o motor essencial do aprendizado e uma das mais potentes armas humanas para turbinar a capacidade de solução de problemas complexos – outra habilidade destacada pelo Fórum Econômico Mundial.

A professora da Harvard Business School, Francesca Gino, tem se dedicado nos últimos anos a explorar o papel crucial da curiosidade no aprendizado e no desenvolvimento de uma cultura organizacional que fomente a inovação e a adaptação às mudanças do mercado.

Em uma pesquisa realizada por Gino e sua equipe, foi descoberto que os funcionários que demonstraram mais curiosidade no trabalho tiveram melhores desempenhos e foram mais propensos a encontrar soluções criativas para problemas complexos.

Característica natural de grande parte das pessoas, a curiosidade pode ser sufocada e até extinta em ambientes sem segurança psicológica, tolerância aos erros e liberdade para a livre experimentação. Essas são, aliás, premissas para a sustentação da cultura de aprendizagem e protagonismo nas organizações. É preciso estar à vontade para fazer perguntas, propor ideias e explorar novas abordagens e habilidades.

Um dos pontos mais destacados atualmente em relação a employee experience é a oferta de uma jornada de aprendizagem. Em uma recente pesquisa realizada pela Universidade de Phoenix, nos Estados Unidos, 70% dos profissionais afirmaram que, se suas empresas lhes dessem mais oportunidades para aplicar novas habilidades, eles seriam mais propensos a permanecer nela ao longo de suas carreiras.

Destacam-se as organizações que oferecem as melhores e mais completas ferramentas. Um portfólio de soluções atraentes e diversificadas que permita a formação de diferentes rotas educacionais. Cada indivíduo monta o seu plano de desenvolvimento, a sua trilha, a partir das próprias reflexões e dos diálogos sobre carreira com suas lideranças e mentores.

Há muito, o mundo do trabalho deixou de ser linear e vertical e é preciso ampliar a visão. Os novos modelos de carreira e formatos de trabalho são a expressão de uma nova lógica de trabalho com mais autonomia e protagonismo individual na caminhada de desenvolvimento. Ainda bem!

Pesadelo da retenção de talentos, job hopping pode prejudicar a carreira

Uma das grandes questões que os RHs têm à mesa é a falta de talentos qualificados e os desafios de retenção desse grupo. O diferencial competitivo das organizações está na união entre talento e tecnologia, e as posições estratégicas e de forte conexão com a tecnologia são as mais desafiadoras nesse contexto.

O mercado cada vez mais competitivo faz com que os talentos estejam sempre em busca de novas oportunidades. Uma pesquisa da consultoria Robert Half com mais de 1,1 mil entrevistados mostrou que 49% dos profissionais querem mudar de emprego neste ano.

Trocar de emprego é uma maneira de obter melhores salários, benefícios, desenvolvimento e satisfação profissional. Mas, uma busca incessante recai quase sempre numa prática nociva para a carreira em longo prazo, o chamado job hopping. O termo em inglês classifica a mudança frequente de empregos em um curto espaço de tempo e tem se popularizado nos últimos anos. Um estudo da Catho, publicado em 2021, mostrou que a taxa de job hopping no Brasil aumentou em 45% desde 2014.

Movimentos externos de transição são uma maneira de progredir na carreira. No entanto, o progresso exige consistência de entregas que dependem de tempo e (muito) trabalho. Pesadelo do recrutamento, o heavy job hopper corre o sério risco de percorrer uma trajetória inconsistente em longo prazo, um caminho que vai se desmanchando no ar. Na ilusão de que  sempre será mais feliz em outra empresa, o profissional “pula-pula de emprego” tolera muito pouco as angústias e frustrações comuns a todos os tipos de trabalho e sai sem deixar legado.

Monika Hamori, professora de gestão na IE Business School em Madrid, tem uma extensa pesquisa publicada pela Harvard Business Review em que comprova que o job hopping não é eficaz para o sucesso profissional. Estudando a carreira de mais de mil CEOs das maiores empresas da Europa e dos EUA, ela verificou que em média eles tinham três empregadores em suas carreiras, pelo menos até a primeira década do novo milênio.  Ao verificar a trajetória de 14 mil outros executivos (não-CEOs) no mesmo período, ela constatou que foram os movimentos internos que produziram  porcentagem maior e  ritmo mais acelerado de promoções.

A prática de diálogos de carreira e a livre movimentação são duas estratégias organizacionais importantes de engajamento. E as empresas estão avançando neste tema. Um estudo feito pela Produtive com mais de 350 profissionais – de analistas a diretores – mostra que 62,6% percebem que a empresa dá abertura para que diálogos sobre movimentações internas aconteçam, e 78,4% conhecem os processos de recrutamento interno. Liberdade e possibilidade de experimentação são características de ambientes de trabalho em que as pessoas querem estar. 

Sob a perspectiva individual, é preciso refletir sobre carreira levando-se em consideração a amplitude do tema e todas as variáveis envolvidas. Um método organizado de reflexão ajuda a tomar melhores decisões profissionais. Deliberar deve ser fruto de um processo contínuo de adaptação e ajuste às mudanças no ambiente de trabalho e nas necessidades pessoais.

Segundo a abordagem do pesquisador e professor Mark Savickas sobre life-design, a gestão da vida pessoal e profissional e consequentemente a tomada de decisão nesse campo deve estar conectada a valores, interesses e habilidades.

É saudável fazer reflexões sobre momentos de troca de empresa, mas o indivíduo deve também se preocupar com a marca que deixará nos lugares por onde passou. Transições muito curtas e impaciência na tomada de decisão fragilizam a carreira, enfraquecem a reputação profissional e dificultam o desenvolvimento de habilidades importantes, como a resiliência e a capacidade de adaptação a diferentes situações.

A reflexão a que proponho é de ponderação sobre o limite entre a decisão de trocar de empresa e tolerância às dificuldades naturais em qualquer emprego.   No novo mundo do trabalho, a adaptabilidade é essencial para lidar com mudanças e adversidades na carreira e permite ao profissional considerar os cenários com abertura a novos conhecimentos e oportunidades, com senso de responsabilidade e prontidão para enfrentar os obstáculos que invariavelmente aparecem.

Onda de demissões evidencia caráter estratégico e crítico do RH contemporâneo

Pressionada por transformações cada vez mais rápidas na dinâmica de gestão de pessoas, a área de RH vive um paradoxo. Com carreiras integrando a lista de cargos mais requisitados, profissionais de recursos humanos são alguns dos mais afetados pelas recentes demissões em massa.

O departamento de recursos humanos da gigante Amazon, por exemplo, foi massivamente afetado pelo corte que, ao todo, atingiu 18 mil funcionários da companhia. Em janeiro, os profissionais de todas a áreas, inclusive do RH, começaram a receber e-mails com a notícia de que “infelizmente, a sua função foi eliminada”.

A empresa fundada por Jeff Bezos não foi a única Big Tech a se reajustar. Com cenário econômico incerto e a necessidade massiva de corte de custos, ainda no fim de 2022, Meta e Twitter já haviam dispensado outros milhares de profissionais. Se somados, os demitidos nos últimos meses passam de 150 mil e a onda de reestruturações também engole startups em todo mundo.

Se em todos os casos profissionais de RH estão entre os demitidos, o que explicaria a presença de funções de gerentes de análise de recursos humanos, diversidade, benefícios e experiência do funcionário na lista de carreiras promissoras para este mesmo ano de 2023? Segundo o levantamento, elaborado pelo LinkedIn, das 25 profissões mais demandadas nos Estados Unidos, seis estão ligadas à gestão de pessoas.

Na esteira desses números, uma pesquisa realizada pela Think Work Lab revela a sensação de apagão de talentos na área. Mais de um terço (34%) dos entrevistados acreditam que faltam profissionais qualificados na área de RH.

De fato, as transformações no jeito de contratar, desenvolver, formar e reter talentos geram um sentimento de urgência nas organizações. O sintoma mais evidente dessa inquietude é o turnover na área de recursos humanos.

O aparente descompasso prova o caráter estratégico e crítico do tema. Muitas empresas ficam mudando seus RHs, em vez de mudar velhas práticas de negócio que justamente impedem o desenvolvimento e a retenção de talentos, tidos como um dos maiores desafios das companhias. Líderes sem agenda para pessoas e gerentes soterrados pela operação não têm espaço para falar sobre gestão de carreira, um dos fundamentos da liderança inspiradora contemporânea.  Sem diálogo de carreira, o engajamento cai e os talentos vão embora.

Responsabilizado pelo aumento do turnover, o RH paga um pênalti que, na maior parte das vezes, não cavou. Para evitar isso, é preciso buscar causas (em vez de tratar sintomas) e forçar a reflexão na organização. Tenho defendido a tese de que o mundo corporativo quer do profissional RH é coragem para articular mudanças culturais profundas. Habilidades de gestão de carreira são mandatórias para líderes de todas as áreas. Além de tempo de agenda, a prática necessita de formação e treinamento dos líderes para o diálogo de carreira.

Além do papel de articulador, é preciso estar em sintonia com as intensas transformações tecnológicas da área de RH. Basta retornar à lista de carreiras que mais crescem em demanda para perceber a forte presença de competências ligadas a people analytics nas funções de RH.

Conhecimentos sobre implementação de sistemas de gestão de recursos humanos eficientes e a utilização de análise de dados para tomar decisões estratégicas têm sido cada vez mais solicitados nos descritivos de oportunidades no mercado de RH. O sucesso pertence àqueles mais atentos ao gap de oportunidades e às zonas de transformação da área.

Uma carreira competitiva pressupõe a leitura de mudanças, ajuste de rotas e atualização constante. Esse é o único antídoto contra a obsolescência em qualquer carreira, e com o RH não é diferente. O que cada um deve fazer é essa pesquisa inquieta sobre as transformações e tendências na área.

O alerta ao gap de oportunidade, ou seja, à diferença entre o que o mercado exige e o profissional dispõe, é um chamado ao lifelong learning, o necessário aprendizado para vida toda. Muito embora o e-mail de demissão enviado aos funcionários da Amazon informe que a respectiva função do profissional tenha sido eliminada, a verdade é que carreiras não desaparecem, elas se transformam.

A triste solidão do ‘gerente híbrido’ e o papel do RH

Recentemente, o instituto Gallup mediu a conexão dos gerentes com a cultura organizacional das empresas e os resultados trazem a evidência de um espaço deixado pelo RH.

Profissionais de média gestão que trabalham no modelo híbrido têm se sentido mais desconectados com a cultura da empresa do que seus pares na liderança. Os dados mostram que nos Estados Unidos a conexão com a cultura – no modelo híbrido – cai pela metade ao compararmos os gerentes aos demais lideranças da organização.

Soterrada pelo aumento de demanda e na linha de frente das relações entre funcionários e organizações, a média gestão está sozinha ao desempenhar ações de motivação, de engajamento de talentos, de criação de novas formas de se comunicar e de avaliar produtividade e desempenho.

Responsável por organizar o trabalho da equipe e avaliar a produtividade do time, o gerente híbrido tem a percepção de que falta apoio da organização. Preencher esse vácuo é necessário para a sustentabilidade do modelo a longo prazo.

O modelo híbrido vem sendo cada vez mais adotado pelas organizações e seus benefícios têm sido amplamente medidos e relatados nos últimos anos. Estar 100% no escritório nunca foi garantia de cultura forte e a oferta do home office ou do modelo híbrido é uma arma potente na competição por talentos.

Mas a virada de chave do modelo demanda uma ação coordenada pelos RHs. Do contrário, há risco de desconexão, com efeito no engajamento e na retenção de bons profissionais.

A desconexão desengaja, exaure e leva o profissional para fora da organização. As pesquisas do Gallup mostram que funcionários conectados à identidade da empresa são 3,7 vezes mais propensos ao engajamento, têm 68% menos chance de se sentirem constantemente exaustos no trabalho e 55% menos probabilidade de estarem procurando emprego ativa ou passivamente.

Fortalecer a cultura é um desafio que consome recursos e investimentos e, muitas vezes, não traz resultados satisfatórios. Os dados mostram que apenas 2 a cada 10 funcionários se sentem muito conectados a ela. O sucesso nesse quesito está diretamente relacionado ao apoio dado aos gerentes.

Na prática, estamos falando de reconhecimento e desenvolvimento com estímulo e recursos para aprendizagem contínua. Nesse sentido, um dos primeiros passos é reconhecer as mudanças no estilo de liderança mais bem sucedido para equipes híbridas e capacitar a média gestão para desempenhar esse papel.

Proporcionar momentos de conexão entre líderes é outra ação efetiva para mudar esse cenário solitário do gerente híbrido. Os momentos de interação no escritório não devem se resumir ao encontro com a equipe direta. Reunir gerentes de diferentes times é uma maneira de criar espaço para conversas, trocas significativas e fóruns de boas práticas.

Assoberbados, os profissionais de média gestão estão desestimulados, consumidos pela sobrecarga de trabalho e com a responsabilidade de motivar equipes, muitas vezes, enormes e dispersas. Se esse sistema já corria o risco de colapsar antes de 2020, o tema é ainda mais urgente nesta década.

Como a sua organização está apoiando e cuidando desse problema? Certamente essa é uma reflexão essencial para os RHs contemporâneos. Diálogo e proximidade são fundamentais para personalizar a experiência e atender aos anseios desses profissionais. Companhias que insistirem em ignorar o estado de seus gerentes correm o risco de tornarem os cargos de liderança cada vez menos atrativos às novas gerações.

As lições de episódios de gestão implacável e demissões em massa

O estilo “ranquear e cortar” praticado na longínqua década de 1980 pelo ex-CEO da General Electric, o executivo Jack Welch, morto em 2020, aos 84 anos, foi parte da cartilha de líderes tidos como eficientes, ao longo de muitos anos.

A pretexto de fortalecer uma cultura baseada em competitividade, classificar os funcionários por desempenho e cortar anualmente os últimos 10% do ranking foi uma prática que justificou a demissão de quase 120 mil funcionários da GE entre 1980 e 1985 e associou o lendário executivo a grandes reestruturações e demissões em massa. Ganhou por isso o apelido de Neutron Jack, em alusão aos efeitos estrondosos dos desligamentos em grande escala, comparáveis à ultima geração das bombas atômicas.

É compreensível a necessidade de reduzir custos e avaliar entregas. Demitir faz parte dos movimentos de negócios. O ponto é o “como” fazer isso. O impacto de uma demissão é grande e ultrapassa os limites da própria empresa. Além do profissional demitido, familiares, colegas de trabalho que ficam na empresa, o líder responsável pela demissão e o ecossistema em que o negócio está inserido são afetados direta ou indiretamente pelo desligamento.

Em uma demissão em massa, podemos dizer que a sociedade sente os efeitos. Com a ascensão da agenda ESG nas organizações, a responsabilidade social – destacada pelo S da sigla – tem sido objeto de maior atenção por parte do mercado.

Os líderes contemporâneos sabem que não devem descuidar da eficiência e a competitividade continua sendo crucial à sobrevivência do negócio.  No entanto, técnicas gerenciais implacáveis tem se mostrado cada vez mais ineficientes. No século 21, ambientes com segurança psicológica, atenção à carreira dos profissionais, da entrada à saída das organizações, são as tendências atuais de liderança.

Nesse contexto, pegam muito mal as atuações como a de Elon Musk, nos recentes e lamentáveis episódios de demissão em massa e ultimato aos funcionários bem ao ditatorial estilo “Twitter ame-o ou deixe-o”.

A debandada geral após ele exigir por e-mail o comprometimento dos funcionários com uma “cultura de trabalho hardcore” teria surpreendido Musk, e fechar os escritórios às pressas por alguns dias até organizar o organograma.  Após o papelão, foi preciso convencer talentos, sobretudo do time de engenharia de software, a ficar, segundo noticiou a imprensa.

Os desligamentos em massa feitos logo após a troca de gestão do Twitter negligenciaram indivíduos, desprestigiando a contribuição profissional dessas pessoas para a organização, cortando acessos à rede interna de forma súbita.

Além de comunicações padronizadas, não houve espaço para escuta. Sem esse espaço dentro do processo de saída, muitos profissionais fizeram reviews públicos sobre a péssima experiência que estavam atravessando no fim de sua jornada na rede social de microblogs.

Ouvir o que o profissional tem a dizer é uma relevante etapa de uma demissão responsável. Profissionais que se sentem desprestigiados, desvalorizados, se tornam detratores da marca. Os estragos na reputação do Twitter como marca empregadora foram visíveis e afetaram os negócios da empresa, com fuga de usuários para uma rede social similar.

As ações polêmicas de Musk aliadas a rumores sobre o fim do Twitter, fizeram com que a indiana Koo viralizasse no Brasil, com ganho exponencial de usuários. O seu aplicativo atingiu a marca de mais baixado do País, em 18 de novembro.

Pensar em offboarding é estratégico para qualquer empresa no novo mundo do trabalho e deve ser uma prioridade da área de recursos humanos. Eventos como os relatados no Twitter reforçam essa premissa.

As organizações não devem ser reféns dos humores de líderes arcaicos. Estruturar uma política de saída com clareza e transparência fortalece a reputação da marca empregadora e evita um dos mais complexos desafios do nosso tempo: a fuga de talentos.

Alfabetização para o futuro impulsiona o RH como agente de transformação

Usar o futuro como uma lente de observação do presente. Essa é uma das possíveis abordagens práticas no caminho da inovação no RH.

Criada pela Unesco, a alfabetização de futuro – future literacy – é uma disciplina que capacita indivíduos para esse approach. A sua metodologia, segundo um dos criadores, o pesquisador Riel Miller, foi construída de tal maneira a dar mais consciência ao funcionamento dos processos de suposição antecipatória do futuro na tomada de decisão estratégica no presente.

É fato que planejamos e tomamos decisões baseadas na suposição do futuro o tempo todo. Mas, ao antecipar e imaginar futuros possíveis de maneira organizada e metódica, iluminamos processos mentais subjetivos de suposição e reação, permitindo uma expansão de consciência. Como pesquisador, Miller estuda há 30 anos a maneira como as pessoas pensam e imaginam o futuro. E, segundo ele, a future literacy tem a grande vantagem de desenvolver uma sofisticação no processo mental de antecipação e uso do futuro no presente.

Indivíduos equipados de alfabetização sobre futuros projetam diferentes cenários e diversificam suas apostas para novos contextos que emergirem. Consequentemente melhoram a capacidade de tomada de decisão e inovação em ambientes de alta complexidade. Essa é uma competência considerada das mais relevantes aos líderes no contexto atual e é especialmente importante para os profissionais de RH.

No que se refere ao desenho organizacional, profissionais da área de gestão de pessoas têm o papel de provocar uma transformação e podem usar o exercício de pensar o futuro como um laboratório para inovar no presente. Para uma proposta efetiva de mudança nas estruturas, é essencial essa agenda de observação de futuros.

Desenvolver esse mindset exige a consideração de múltiplos contextos. Na prática, trata-se de imaginar cenários possíveis ainda que improváveis para aumentar a capacidade de inovar, planejar e criar o futuro mais desejado. Na dimensão individual, abraçar a incerteza e a complexidade, nos torna mais criativos no desenvolvimento de estratégias e aumenta nossa autoeficácia.

Ao desafiar padrões de pensamento, a alfabetização do futuro pode ainda mudar as condições de mudança — um ponto importante para guiar os processos de transição na sociedade e nos negócios. No contexto dos RHs, a alfabetização sobre futuros, sem dúvida, potencializa a influência da área de gestão de pessoas e a eleva à condição de agente transformador. Um olhar consciente e estratégico para a projeção sobre o futuro é o que fará a diferença na resposta da organização às transformações do novo mundo do trabalho.

É papel da área de recursos humanos estar atenta à evolução e ser a mensageira das tendências na organização. Talentos não suportam mais estruturas arcaicas e fenômenos como o aumento no número de pedidos de demissão de profissionais qualificados reforçam esse movimento. Negar a mudança e insistir em modelos desalinhados aos anseios dos profissionais do século 21 tem levado empresas a patinarem entre estudos de turnover e continuará levando.

Organizações conectadas com o futuro e que investem em desenvolvimento têm mais agilidade de resposta frente aos desafios cada vez mais complexos que se apresentam. Além das mudanças evidentes na maneira de contribuir, nos modelos de trabalho remotos ou híbridos, o estímulo à cultura de aprendizagem é essencial em uma agenda voltada para o futuro.

A metodologia para usar o futuro a favor do presente permitirá o RH fazer apostas mais assertivas na construção de novo desenho organizacional com mais estímulo à cultura de aprendizagem. Essa é, de fato, a grande transformação que o futuro nos convoca no presente.

Qual a power skill para os RHs hoje em dia?

Em artigo de estreia para a Today, Rafael Souto comenta sobre uma super habilidade que pode ser chave para um RH inovador

A capacidade de inovação no desenho organizacional é uma das competências mais importantes para os profissionais de RH contemporâneos e requer uma boa dose de ousadia.

Essa super habilidade, essencial para o futuro do RH, demanda a coragem para propor mudança em estruturas arcaicas limitadas e pouco atrativas, porém arraigadas no modelo mental da liderança.

Houve um tempo em que o RH era encarado como um departamento operacional, quase como um “tomador de pedidos”, executor de ideias alheias. Fora da mesa da estratégia, os profissionais tinham, em média, uma atuação limitada de área de apoio.

Com as transformações no mundo do trabalho e a revolução digital, a necessidade de inovação passou a exigir uma nova atitude para os RHs não só em relação à revisão de modelos de trabalho, mas também no que diz respeito às formas de contribuição dos profissionais dentro da organização.

Levantar a bandeira da inovação e revisar estruturas tão tradicionais não é tarefa simples. O modelo hierárquico piramidal vigora há mais de uma centena de anos. E regimes presenciais fixos foram – e ainda são – a realidade para grande parte das empresas.

A questão que se coloca é o quanto estas estruturas parecem deslocadas no novo mundo do trabalho. O entendimento contemporâneo de carreira é marcado por flexibilidade justamente nestes dois pilares.

Resumir a contribuição de um profissional ao job description de um cargo é tão reducionista quanto ultrapassado. Limitada e pouco atrativa, a pirâmide hierárquica corporativa repele indivíduos de alto potencial.  Estamos numa era em que só os curiosos vencerão.

A ascensão de modelos ágeis de trabalho é um exemplo de prática que vai ao encontro dessa tendência. Na contramão desse modelo fixo, é cada vez mais comum as empresas se organizarem em hubs, projetos e squads, indo além das caixinhas do organograma.

Costumo nomear as possibilidades não-lineares de trabalho de carreira em nuvem. Com estruturas mais fluidas, esse modelo permite que o profissional experimente outras atividades e conheça novas áreas.

Não acredito que a carreira linear esteja com os dias contados, e movimentos recentes como o “quiet quitting”, em que profissionais se limitam a fazer o estritamente acordado no contrato de trabalho, mostram que há perfis que se encaixam em estruturas fixas e lineares.

No entanto, a visão linear não é mais a única forma de se enxergar e tratar o tema carreira em uma organização. Cabe ao RH levar essa discussão para os conselhos. Dificilmente essa pauta virá do CEO. Por isso, é necessária a coragem para propor inovação na estrutura.

Pensar em novos formatos de trabalho – híbrido, presencial ou home office – é a contenda do momento, mas o debate que se faz urgente nas salas de estratégia envolve um amplo redesenho de modelos. Que a flexibilidade não seja apenas de horários e local, mas também de contribuição.

Mais do que discutir o lugar de onde se trabalha, é preciso falar sobre formas de contribuição não engessadas, que possam acompanhar os interesses de carreira das pessoas.

Para levar essa conversa adiante, os RHs devem ter em mente que se trata de uma transformação cultural. O redesenho organizacional aberto a possibilidades de carreira não-linear só funciona em uma cultura de livre-movimentação. Novas experiências podem mudar rumos de carreira.

Dentro dessa nova lógica, qualquer obstáculo às movimentações internas é um contrassenso. Outro ponto fundamental para o sucesso na inovação estrutural é o investimento de tempo no mapeamento dos interesses de carreira dos profissionais. Junto com a livre-movimentação, o conhecimento dos anseios individuais é fundamental para direcionar a experiência profissional para que ela seja, de fato, significativa para a carreira.