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Se o pilar de reputação é o mais desequilibrado, o que podemos fazer para melhorá-lo?

Tão importante quanto a reputação do profissional que está em atividade dentro de uma organização, é sua reputação quando está em transição de carreira. Oportunidades podem facilmente surgir para aqueles que possuem boa conduta, alta performance e excelentes resultados de experiências anteriores. Mas, e se este importante pilar estiver em desequilíbrio, o que podemos fazer para melhorá-lo? É sobre isso que a nossa Consultora Sênior de Carreira, Deisy Razzolini, fala hoje, no Produtive Carreira LAB. Vem conferir!

 

 

O profissional para ter por perto

A reputação é um dos principais pilares de carreira do profissional. É ingênuo pensar que só a entrega técnica fará com que a pessoa cresça na organização e desenvolva sua carreira. Cuidar de comportamentos que comprometam essa imagem e causem percepções distorcidas são questões que Rafael Souto, CEO da Produtive, aborda em seu novo artigo do Zero Hora.

 

Nesses 24 anos como consultor, já ministrei palestras sobre carreira para muitos profissionais e, aqui, nesta coluna, procuro compartilhar as competências fundamentais para a sobrevivência do profissional nesta transformação de uma carreira de comando e controle para uma carreira contemporânea.

Um dos assuntos que chamam mais atenção nessas discussões é a reputação.

Fato é que as pessoas tomam decisões com base nas percepções sobre o outro e não somente pelo cumprimento de suas metas. Ou seja, o profissional que está meramente focado em atingir seus resultados não está cumprindo a sua missão de forma completa.

É ingênuo pensar que a entrega técnica irá elevar a imagem. Somos seres biologicamente treinados para coletar impressões. E são elas que formam a imagem e a reputação do profissional.

Vou citar alguns exemplos clássicos que podem interferir nessa marca, como a relação com colegas de outras áreas, a postura ao atender solicitações, a disponibilidade para ajudar, a visão de seus pares, a maneira como uma pessoa se relaciona ou apresenta um trabalho. Tudo vai construindo a reputação, inclusive a entrega dos resultados.

Pare para pensar: que profissional você gostaria de ter ao seu lado? Quem, na empresa onde trabalha, você indicaria para ter uma oportunidade de projeto ou de promoção? Ou tendo uma posição aberta na sua empresa, qual ex-colega de trabalho ou de sala de aula você indicaria? Essa lista seria grande ou pequena?

Agora, fazendo uma autoanálise: é possível que você seja considerado como indicação para oportunidades dentro e fora da empresa? Você é um profissional que as pessoas gostam de ter por perto?

A reputação é algo que carregamos conosco para todo o lugar em que passamos. Ela deixa rastros de credibilidade ou de falta dela. A visão do chefe é importante, mas a imagem que o profissional tem pelo mercado também conta. Essa reflexão abrange até mesmo o posicionamento que a pessoa tem nas redes sociais e, indo mais além, o relacionamento com colegas de universidade. Tudo compõem a marca pessoal.

Por isso, quem não torna esse pilar de carreira consciente, vê a necessidade de refletir sobre este tema e elabora suas estratégias para desenvolvê-lo, compromete sua carreira e o protagonismo dela. Cuidar da imagem, corrigir distorções e melhorar o posicionamento fazem parte do olhar sobre o trabalho contemporâneo e a responsabilidade é do indivíduo.

Qual é sua marca pessoal?

Trabalhar a marca nas empresas ainda é algo negligenciado por boa parte dos profissionais, apesar de ser um aspecto super importante para a reputação na carreira.

A reputação é um dos temas de carreira mais nebulosos. Alguns motivos tornam essa reflexão complexa.

Como tendência, pensamos que o trabalho e a evolução na carreira são formados pelo resultado técnico das nossas atividades. Ou seja, quem atinge seus resultados está cumprindo sua missão e irá se desenvolver.

Esse entendimento puramente focado em resultados é uma versão ingênua da realidade corporativa. As pessoas tomam decisões com base nas percepções sobre o outro e não somente pelo cumprimento ou não das metas.

O best-seller de Daniel Kahneman “Rápido e Devagar: duas formas de pensar” ilustra bem esta questão. Alerta, inclusive, para o risco de concluir uma opinião rápida demais. O fato é que somos seres biologicamente treinados para coletar impressões e nossas decisões sobre pessoas são tomadas com base nessas percepções.

Essas decisões têm alta carga de formação de imagem e reputação. A maneira como uma pessoa se relaciona ou apresenta um trabalho, a postura ao atender solicitações, a disponibilidade para ajudar, a relação com colegas de outras áreas, a visão de seus pares. Tudo vai construindo a reputação, inclusive a entrega dos resultados.

O desafio é tornar esse pilar de carreira consciente no indivíduo. É despertar em cada profissional a necessidade de pensar sobre esse tema e elaborar suas estratégias. Isso exige interesse em descobrir como está sua reputação e tratar como parte do trabalho.

Esse não é um papel da área de Recursos Humanos, do chefe ou de algum consultor. O responsável pela construção de marca é do indivíduo. Ele poderá buscar ajuda, mas sempre será o personagem principal.

Reforço aqui que não estamos tratando apenas da visão do chefe sobre seu time. A reputação é a imagem de uma pessoa na organização e no mercado. Isso inclui as redes sociais, as empresas em que trabalhou e os colegas de universidade. Tudo vai compondo uma marca pessoal.

O protagonista na carreira está sempre atento a isso e pensa em estratégias para cuidar de sua imagem, corrigir distorções e melhorar seu posicionamento.

Para aqueles que acham isso uma conversa sem foco e preferem os números de suas planilhas, sugiro que repensem sobre como são tomadas as decisões de promoção ou desligamento na vida real. Pensem no comentário de um líder na hora da verdade para promover alguém. Basta fazermos uma análise cautelosa e veremos que a reputação estará sempre presente nos movimentos de carreira.

Ao final só nos resta fazer uma pergunta e iniciar a autorreflexão: qual sua imagem na empresa e no mercado?

A habilidade política vale mais do que bons resultados

Você faz seu marketing pessoal na empresa em que trabalha ou acha que isso é coisa de pessoas que querem se mostrar demais? Em seu novo artigo para o jornal Valor Econômico, Rafael Souto, CEO da Produtive, explica porque a gestão da reputação e habilidades políticas são fundamentais para o desenvolvimento da carreira do profissional.

Não existe desenvolvimento de carreira sem habilidade política e gestão da reputação. Esse é um tema controverso nas organizações e no modelo mental de muitos profissionais.

Não somos ensinados a cuidar desse pilar de carreira e muitas vezes o associamos a comportamentos negativos que nos fazem repelir qualquer ação que possa ter conotação política.

O tom pejorativo de politicagem e ações inescrupulosas fazem com que qualquer esforço para articulação política ou marketing pessoal seja mal visto. É verdade que profissionais desonestos, manipuladores, inescrupulosos, narcisistas e antiéticos são promovidos. Mas, parece existir um muro dividindo pessoas que se consideram honestas e humildes e aquelas que são políticas e que se preocupam com esse tema.

É isso que mostra no estudo global feito com funcionários de diversas organizações e cargos e realizado por Klaus J. Templer,  professor associado de Psicologia Organizacional na Singapore University of Social Sciences. O objetivo do levantamento era descobrir por que muitas pessoas tóxicas progridem na carreira e como conseguem ter sucesso mesmo com comportamentos considerados negativos.

Templer entrevistou 110 funcionários para saber como enxergavam a sua habilidade política no ambiente de trabalho, como percebiam seus colegas e, por fim, questionou os chefes desses funcionários. Em uma etapa complementar procurou saber como era a percepção sobre os resultados objetivos alcançados no trabalho. O professor determinou uma pontuação no fator-H de personalidade, que quando são altas indicam honestidade-humildade; já as baixas são aquelas que definem o núcleo de comportamentos tóxicos no trabalho.

O resultado revelou que os funcionários tóxicos, classificados com alta taxa de habilidade política por seus supervisores, eram mais propensos a ter uma avaliação de desempenho alta. Em outras palavras, embora nem todas as pessoas tóxicas possuam habilidade política, na opinião de seus chefes, as que usam a habilidade política com eficácia são vistas como melhores funcionários. E como todos sabemos, aqueles que são percebidos como os melhores funcionários têm mais chances de serem promovidos.

A pesquisa também concluiu que pessoas com habilidade política elevada tinham uma percepção de resultados maior do que a média. Quando confrontadas com aquelas que tinham alcançado metas similares, mas com pouca habilidade política, mostrou que essas tinham percepção de desempenho inferior.

A síntese da pesquisa de Templer mostra que a habilidade política é fator preponderante no desenvolvimento e na sobrevivência das pessoas nas organizações. Mesmo pessoas tóxicas são promovidas. E, às vezes, são consideradas necessárias por realizarem atividades úteis em algum momento da empresa.

A explicação disso está na essência de nosso funcionamento em grupo. Somos políticos desde o primeiro dia de vida. Tomamos decisões baseadas nos relacionamentos. Negar esse funcionamento é se afastar da nossa natureza.

A habilidade política é definida pela capacidade de estabelecer vínculos, fazer contatos, gerar influência.  Talvez seja injusto e desencorajador para aqueles que trabalham de forma honesta e humilde ver pessoas com alta toxidade serem promovidas. Os tóxicos sempre estarão presentes nas empresas e compõem o mosaico de personalidades no ambiente de trabalho e na sociedade.

O caminho não é abandonar ou repelir o desenvolvimento da habilidade política, mas sim buscar por inspiração nos inúmeros exemplos positivos de profissionais que fazem um bom trabalho e se dedicam na construção de relações. O cuidado com a reputação na empresa é parte da agenda dos indivíduos com maior sucesso profissional. Investir tempo para saber como está a sua imagem na empresa e tomar ações em prol da construção de uma marca positiva são movimentos necessários.

Cada vez mais, as decisões sobre as pessoas e seus movimentos de carreira são tomadas por um grupo de pessoas. Um profissional que cultiva relações terá mais visibilidade interna e, portanto, mais chances de ser incluído em um projeto novo ou ser considerado para uma nova posição. A estratégia de realizar um bom trabalho e esperar reconhecimento trará constante frustração. Pessoas que optam por esse caminho cultivam um permanente sentimento de “carregador de piano”.

O estudo de Templer pode ter um lado sombrio quando analisamos o crescimento dos profissionais tóxicos e destrutivos, mas revela que administrar a carreira exige um cuidado permanente na habilidade política. Embora essa competência seja mais natural para algumas pessoas, pode ser aprendida por outras.

O chamado networking interno é cada vez mais fundamental. Quando usado de forma positiva e saudável, pode impulsionar a carreira e ajudar os negócios da empresa.

 

Como recuperar a reputação após um #NeymarChallenge no trabalho

O meme viralizou assim como pode acontecer com a má reputação de um profissional no ambiente corporativo. Veja o que especialistas no assunto recomendam fazer quando o comportamento não foi dos melhores.

Neymar virou piada por causa de quedas e exageros em campo. No trabalho, os conselhos de especialistas para o craque valem para todos profissionais

São Paulo – O Brasil está fora da Copa, mas o nome de Neymar ainda corre entre os torcedores no mundo todo. Da pior maneira, como a piada do torneio. Se a perda do hexa foi dolorosa para o brasileiro, também selou o destino da imagem do craque.

Nas redes sociais, se propagam imagens e vídeos das quedas de Neymar durante os jogos da seleção, além de paródias em que pessoas, multidões e até bichos de estimação se jogam no chão de maneira dissimulada. A piada que leva o nome do jogador, o #NeymarChallenge, se popularizou entre internautas e marcas mesmo sem a seleção em campo. Fique por dentro: Após marcas zoarem Neymar, mundo se diverte com #NeymarChallenge

Tudo começou no primeiro jogo da Copa, quando o comportamento do brasileiro ficou em evidência após repetidas e exageradas quedas.

Para Ilana Berenholc, estrategista em personal branding, foi nesse momento que o jogador perdeu a credibilidade. “Seu comportamento em campo o colocou à mercê dos telespectadores e de seu julgamento. Não sabemos o que passa pela sua cabeça, mas a impressão que ficou é que ele estava encenando e tentando enganar o juiz”, explica ela.

A partir de então, mesmo sofrendo faltas, Neymar se tornou o “menino que gritava lobo”, como na fábula de Esopo em que um pastor causava alarde em sua vila com vários alarmes falsos da presença do lobo, até que o animal apareceu e, ao pedir ajuda, ninguém acreditou nele.

Isso ficou evidente no jogo contra o México, quando o jogador Miguel Layún saiu impune após pisar no pé do Neymar, enquanto a dor deste é vista como teatro.

O que condenou a reputação do jogador vale para todo profissional, segundo Rafael Souto, presidente da Produtive.

“A reputação se constrói a partir do comportamento. Mesmo sendo um bom jogador, suas ações geram danos a sua imagem. Um executivo que sempre está atrasado pode não ser demitido por isso, mas fica com a reputação ruim”, diz ele.

Para a estrategista em personal branding, comportamento pode ser o motivo de estagnação de várias carreiras. “Principalmente quando falamos de grandes talentos em empresas, acredita-se que as capacidade técnicas são suficientes e os aspectos comportamentais ficam de lado. No entanto, no trabalho nos relacionamos com pessoas, não com talentos”, diz ela.

Souto coloca a reputação como o pilar da carreira. Segundo o executivo, até pouco tempo, apenas o resultado era considerado para avaliar um funcionário. Hoje, é preciso estar atento à reputação, pois essa é essencial na estratégia de carreira. “Jogar bem é importante, mas a sua imagem profissional também é”, diz.

Ousadia e alegria? Não, humildade e paciência

Os especialistas acreditam que ainda há esperanças para o jogador. Mas, para recuperar sua reputação, ele vai precisar de dedicação.

O primeiro passo é entender onde está errando. Depois, mudar sua atitude e, por fim, deixar o tempo fazer seu trabalho. Uma mudança de imagem não acontece do dia para a noite, nem se a pessoa persistir no erro.

Não é simples também. Uma vez marcado por um estereótipo, o profissional precisa manter um comportamento consistente com a mudança que quer promover. Um deslize pode refrescar a memória para os erros passados.

Segundo Ilana Berenholc, o estresse e a pressão no trabalho podem trazer à tona comportamentos negativos, que são reações automáticas a estímulos do ambiente.

“A pessoa precisa entender qual sua reação e o que a desencadeia para poder administrá-la. Dependendo de cada caso, isso pode ser mais fácil ou mais trabalhoso. Como um executivo explosivo e agressivo ou um funcionário que se omite diante de pressão. Algumas pessoas ficam nervosas e seu escape é fazer uma piada”, conta ela.

Ao identificar o comportamento que prejudica sua imagem, é hora de mudá-lo. “Muita gente se recusa a mudar. A soberba e a arrogância são inimigas de qualquer mudança de imagem”, fala Souto. “Se o profissional se comunicava de forma agressiva por anos, ele precisa dar um tempo para que seu colegas reconheçam que mudou”, diz.

Para ele, reconhecer o erro pode ser um processo interno, que requer humildade, e depois deve ser refletido em suas ações. É preciso paciência também. Em seis meses ou um ano, as mudanças começarão a ter efeito.

Para reverter a imagem negativa, a estrategista defende que a conduta do profissional deva ser impecável. “A pessoa deverá ser extremamente consistente, leva muito tempo e uma escorregada pode comprometer sua nova imagem.”, diz.

Em 4 anos entre uma Copa e outra, ela acredita que o craque brasileiro terá chance de se redimir. Seja pela duração curta das piadas na internet ou pela performance do jogador nos campeonatos europeus. “Mesmo que fique na memória da torcida, se suas ações refletirem uma mudança, ele será reconhecido como um novo Neymar”.