Funcionários estão mais cientes das movimentações de carreira, mas ainda falta estímulo da liderança – saiba como ganhar espaço na companhia
Em um momento marcado por mudanças nos modelos de trabalho, competição acirrada por talentos e novas demandas dos profissionais para permanecerem nas companhias, as possibilidades de movimentações internas e as ações de relacionamento das lideranças ganham mais destaque. É o que mostra pesquisa realizada pela Produtive e obtida com exclusividade pelo Valor.
O estudo, feito com 356 funcionários – de analistas a diretores –, revela que 62,6% percebem que a empresa dá abertura para que diálogos sobre movimentações internas aconteçam, e 78,4% conhecem os processos de recrutamento interno. Isso quer dizer que as organizações estão se mostrando mais abertas a isso. A ideia é ampliar o engajamento e encontra espaços para os novos interesses de carreira que surgem a cada novo ciclo dos colaboradores e do negócio.
“A autonomia, a liberdade e a experimentação são características de ambientes em que as pessoas querem, de fato, estar”, explica Rafael Souto, presidente da Produtive. De acordo com ele, quanto maior o encorajamento dado aos colaboradores, maior será o engajamento e a produtividade.
No entanto, apesar de os dados indicarem boa transparência por parte das empresas em relação aos processos e estratégias de transições internas, Souto chama a atenção para o encorajamento dado pela liderança para a exploração de oportunidades internas de carreira. A pesquisa aponta que 47,8% dos funcionários ainda não se sentem encorajados por seus gestores, sendo que 93,3% deles consideram importante ter diálogos frequentes sobre carreira.
“A abertura do líder à leitura das expectativas, anseios e interesses dos colaboradores é essencial para a construção do portfólio de experiências de carreira”, diz Souto.
Ele explica que o movimento em direção a um maior protagonismo de carreira por parte dos funcionários é evidente, porém, gestores e RHs devem ser os facilitadores desta atitude. “Para atrair, desenvolver e manter talentos é preciso personalizar a experiência, e os líderes devem dialogar para conhecer os anseios e expectativas de carreira da equipe”.
Veja a seguir algumas recomendações da Produtive para os funcionários ampliarem as chances de movimentações na empresa:
1 – Explore e conheça as ferramentas de desenvolvimento pessoal e de carreira que a organização oferece.
2 – Identifique seus objetivos e metas por meio de processos de autoconhecimento.
3 – Desenvolva os 4cs da adaptabilidade: consideração, curiosidade, confiança e controle. Ter alta adaptabilidade é essencial para lidar com as mudanças no trabalho. Significa considerar o que vem pela frente, estar aberto a novos conhecimentos sobre si mesmo e sobre as oportunidades, ter senso de que é responsável pelo desenvolvimento de sua carreira e estar disposto a enfrentar os obstáculos que surgirem.
4 – Fique atento às oportunidades internas e crie espaços de conversa com sua liderança.
5 – Solicite feedback ao seu gestor imediato sobre sua atuação e sobre oportunidades de desenvolvimento de carreira.
Com a crescente facilidade de acesso aos recursos tecnológicos, as empresas mais modernas têm adotado modelos de seleção que incluem etapas em que o usuário faz uma apresentação pessoal em vídeo. Rafael Souto, CEO da Produtive, fala sobre este tema no vídeo para a Exame desta semana e dá dicas de qual a melhor maneira de apresentar sua trajetória.
Levantamento exclusivo da Exame.com contou com as participações de Fernando De Vincenzo e Tatiana Lemke, ambos heads da área de Mercado da Produtive, e de outras empresas da área de Recursos Humanos, que mostram as tendências do mercado de trabalho nas áreas de vendas e marketing.
O mercado vive um momento de expectativa. Após um longo período de recessão no Brasil, as empresas esperam um sinal de crescimento da economiaem 2019 para voltar a investir e expandir seus negócios.
De acordo com Gabriel Santos, gerente sênior da divisão de Vendas & Marketing e Serviços Financeiros da Talenses, isso deve refletir dentro do mercado de trabalho nas áreas de Vendas e Marketing.
Para se recuperar dos anos de atraso, as empresas vão procurar melhorar o desempenho das vendas, com foco no consumidor e em tomadas de decisão utilizando dados. Por isso, há uma maior destaque neste ano para os especialistas em inteligência de mercado e experiência do cliente.
Segundo Santos, por essas razões, vão se destacar profissionais que tenham maior entendimento sobre os negócios da empresa, não importa sua formação principal, e que consigam adaptar os produtos a cada parceiro e ter um visão das necessidades dos clientes.
Para entender melhor as tendências do mercado para Marketing e Vendas, EXAME fez uma pesquisa entre empresas e consultorias sobre os profissionais e cargos mais requisitados nos próximos 12 meses. Confira:
Gerente de Marketing Digital
O que faz: gerencia e acompanha performance em Google Adwords e Analytics, desenvolve SEO e campanhas de e-mail marketing e ações digitais, a fim de gerar leads qualificados para conversão em vendas e fortalecimento da marca
Perfil: formação em administração de empresas, marketing, publicidade e propaganda, entre outros cursos relacionados. A maioria das empresas exige pós-graduação ou MBA focado no digital. As empresas procuram pessoas pró-ativas, com boa comunicação e inglês avançado
Salário médio: entre 16 mil e 20 mil reais
Por que está em alta: as empresas atuam cada vez mais no meio digital para trabalhar branding, produtos e serviços
Gerente de Marketing Branding
O que faz: Sua função é elaborar a estratégia da marca, incluindo a definição de estilos, visão e valores propostos da marca para o mercado – a curto e longo prazo.Também ajuda na execução da comunicação, branding dos produtos e atividades publicitárias em todos os canais.
Perfil: com graduação em administração, economia ou engenharia, publicidade e marketing. Um gerente de branding precisa ter fortes habilidades de comunicação, inglês fluente, manter excelente relacionamento com os colegas e contatos externos, ter uma atitude proativa, ser analítico e ambicioso
Salário médio: cerca de 20 mil reais
Por que está em alta: hoje a concorrência está muito alta, levando as empresas apresentarem seu produto e sua marca associando valores importantes para o consumidor, mantendo a integridade da marca através de todas as atividades de marketing e de comunicação da empresa
Gerente de Vendas (Hunter)
O que faz: são profissionais que atuam na área de vendas em mercados digitais, seja e-commerce, market place ou empresas tradicionais que tenham também uma área digital. Eles procuram abertura de novos canais de vendas
Perfil: une atributos como a habilidade de negociação (vivência no mercado de vendas) e habilidade analítica, ou seja, inteligência do mercado de vendas. Segundo a Stato, a vaga exige um perfil mais “agressivo” de vendas.
Salário médio: entre 8 mil e 15 mil reais
Por que está em alta: a área está em alta justamente porque torna a área de vendas cada vez mais inteligente e, assim, garante resultados mais positivos. Empresas que precisam ser competitivas e procuram expandir os negócios devem contar com esses profissionais
Gerente de Desenvolvimento de Negócios
O que faz: esse profissional é responsável por definir a política e estratégia de execução junto a liderança da companhia com foco em buscar novas frentes de negócio, desenvolver contas estratégicas e gerar oportunidades ainda não trabalhadas
Perfil: é “multitarefas” e com perfil consultivo, capaz de desenhar planos de ação a serem executados em campo, além de capacidade analítica de acompanhar todos indicadores de performance. Competências comportamentais são fundamentais para esta posição, assim como persuasão, resiliência e boa comunicação
Salário médio: entre 12 mil e 18 mil reais
Por que está em alta: a área é destaque em momentos de retomada e crescimento, com novo foco em aumentar participação de mercado e consequentemente faturamento. O setor de Serviços e Indústria vem demandando este perfil com mais frequência
Coordenador de Vendas Regional
O que faz: coordena as atividades de vendas, orienta vendedores e representantes e analisa performance da equipe, visando o cumprimento de metas
Perfil: são profissionais com forte vivência em vendas e gestão de equipe de vendas.
Salário médio: entre 10 mil e 12 mil reais
Por que está em alta: o mercado de trabalho está aquecendo aos poucos e as empresas estão expandido seus negócios. Para isso é necessário um profissional que tenha a capacidade de gerir uma equipe de forma eficaz e com forte habilidade comercial
Gerente Comercial
O que faz: cuida da estratégia de negócio, planejamento e desenvolvimento de produtos
Perfil: precisa ter experiência em expansão de negócios, liderança de pessoas e inglês fluente
Salário médio: cerca de 20 mil reais
Por que está em alta: mercado está retomando crescimento e a demanda para área comercial aumenta
Gerente Comercial (canal indireto)
O que faz: é responsável por qualificar e gerir o relacionamento, margem e volume de vendas indiretas para distribuidores ou revendas
Perfil: é necessário ter senioridade para entender o modelo de negócio do canal e propor uma solução “ganha-ganha”. Habilidade de influência, boa capacidade analítica, negociação e conciliação
Salário médio: entre 15 mil e 25 mil reais (com direito a bônus e comissões)
Por que está em alta: o modelo de vendas indiretas permite maior capilaridade e penetração em diferentes clientes/regiões. É um modelo com custos fixos menores e que cria um ecossistema de vendas positivo. Essa posição vem crescendo nos mercados de tecnologia e bens de consumo
Analista de Marketing e Comunicação Digital
O que faz: é o profissional que vai efetivamente se comunicar junto com o público nas mídias sociais para comunicar o que a empresa considera estratégico
Perfil: é preciso ter conhecimento técnico sobre todas as métricas e assuntos relacionados ao tema, estar atento às constantes atualizações das redes sociais, conhecer bem o público de cada empresa ou cliente. Em termos de habilidades comportamentais, é preciso que esse profissional saiba cumprir prazos e tenha agilidade
Salário médio: entre 3 mil e 7 mil reais
Por que está em alta: cada vez mais, as empresas estão buscando interagir com o público nas redes
Gerente de Inteligência de Mercado
O que faz: esse profissional fica abaixo do guarda-chuva de pesquisa e mapeamento de mercado, de produto e de suporte para área comercial que oferece indicadores de respostas de mercado
Perfil: formação, normalmente, em marketing ou administração. Para esta posição, as empresas estão abertas para formação em engenharia também
Salário médio: entre 18 mil e 23 mil reais
Por que está em alta: como as empresas precisam resgatar o que foi perdido nos anos de economia em recessão, ter a estratégia mais alinhada com indicadores reais trarão um crescimento mais rápido
Especialista em Experiência do Cliente
O que faz: pode ficar junto com a área de Marketing e de Inteligência de Mercado ou pode ser uma cadeira específica, como há na Oracle e IBM. O profissional deve atuar na relação entre marca e cliente, viabilizando processos que facilitem essa experiência
Perfil: a formação, normalmente, é em marketing ou administração, com especialização específica em gestão de processos e projetos
Salário médio: entre 18 mil e 23 mil reais
Por que está em alta: as startups trouxeram grandes ensinamentos para o mercado corporativo tradicional. A visão de experiência com o cliente e tendências de relacionamento com o consumidor passam a ser incorporadas nos processos para atrair e fidelizar consumidores
Em reportagem especial do Valor Econômico, Rafael Souto, CEO da Produtive, explica por que os executivos de grandes empresas têm preferido trabalhar em Startups.
Novos modelos de negócios, como os oferecidos pelas startups, têm atraído cada vez mais profissionais que atuam em grandes empresas. O movimento é crescente, segundo especialistas em recrutamento e seleção. Levantamento da consultoria Michael Page, feito com 1.000 executivos de alta e média gerência, indica que nove em cada dez profissionais estão dispostos a trocar o ambiente corporativo por uma startup. A maioria dos executivos ouvidos na pesquisa diz que abriria mão de parte do salário para ter mais qualidade de vida e flexibilidade de horário.
O movimento dos executivos que saíram de grandes companhias para atuar em startups não ocorre por acaso, analisa Rafael Souto, CEO da Produtive. “As startups estão ganhando o coração e a alma dos executivos mais preocupados com o projeto, e não apenas com as questões financeiras”, diz. Além disso, os profissionais têm buscado desafios que possam contribuir com um propósito ou uma causa, diz Souto.
Por mais que brilhem os olhos à primeira vista, a transição não é das tarefas mais fáceis. Um dos principais desafios tem a ver com a mudança de cultura. Em startups, costuma-se trabalhar por projetos e há uma pressão grande por resultados de curto prazo, observa Genis Fidélis, gerente de marketing e digital da Michael Page. “O profissional precisa trabalhar com a cabeça de empreendedor, o que significa uma mudança de mentalidade”, afirma. Isso significa ter capacidade de lidar com uma equipe diversa e, na maioria dos casos, enxuta. Ou seja, é preciso se preparar e ter convicção de que o modelo de trabalho tem a ver com o perfil e o momento de carreira.
Para Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half, o profissional nem sempre vai encontrar o “glamour” nas startups. “É muita mão na massa, muita transpiração, precisa ter resiliência grande”, enfatiza. Ainda que exista flexibilidade de horário, em muitas ocasiões será necessário trabalhar até mais tarde, aos finais de semana e, claro, fazer de tudo um pouco. Sem contar que a remuneração costuma ser menor em relação ao salário recebido em grandes companhias. “Antes de decidir, vale conversar muito bem com os sócios da empresa em que está entrando e com pessoas do mercado que passaram por essa transição”, diz Mantovani.
Foi o que fez Isabela Martins, de 28 anos, diretora de operações da SambaTech. Após passar pelo programa de trainee da Ambev em 2014, no ano seguinte ela se tornou especialista em recrutamento e seleção da companhia, liderando um time com sete pessoas, em Niterói (RJ). Em 2016, foi alçada a gerente da área de gente e gestão, cargo que ocupou por quase dois anos. “Em uma das férias, quis ver o que estava sendo feito em relação a gestão e performance no ecossistema de startups”, conta. Após visitar sete empresas novatas, recebeu uma proposta para trabalhar na SambaTech.
Ela decidiu encarar a mudança. Em agosto de 2017, Isabela assumiu como gerente de performance da startup e há dois meses virou diretora de operações. “A liberdade e autonomia para sempre inovar é o que me motiva”, diz. Apesar da flexibilidade de horário e melhora na qualidade de vida, ela lembra do compromisso com resultados: não importa o período em que trabalhe, é preciso entregar o que foi combinado.
Em geral, as startups procuram profissionais dispostos a aprender rapidamente e com conhecimento em diversas áreas, destaca Amure Pinho, presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Segundo a Michael Page, a demanda por analistas, especialistas, coordenadores e gerentes cresceu 50% até março, ante o mesmo período de 2016. “Executivos com boa formação técnica, de bons relacionamentos e perfil analítico, são os mais desejados”, diz Fidélis.
O consultor sênior de carreira da Produtive, André Ribeiro, fala sobre as principais competências que as empresas buscam em profissionais de TI num mercado aquecido de serviços de streaming para a revista Você S/A.
Usar celular, tablet, notebook ou Smart TV para acessar vídeos, músicas e filmes, a qualquer hora, sem se prender a grades fixas de programação, já virou parte da rotina. Segundo uma pesquisa recente do Google, a quantidade média de horas que o brasileiro passa assistindo a vídeos por streaming semanalmente cresceu 90,1% nos últimos três anos — saltando de 8,1 horas em 2014 para 15,4 horas neste ano.
Só a Netflix, no país desde 2011, tem 6 milhões de assinantes e receita local de 1,2 bilhão de reais, segundo dados de consultorias de mercado. Isso são mais assinantes do que tem a TV paga Sky e um faturamento 30% maior que o do SBT, por exemplo. Paralelamente, o consumo de conteúdo nas TVs aberta e fechada caiu de 21,9 horas semanais para 22,6 horas no mesmo período, obrigando canais tradicionais, como Globo, SporTV, Fox, Multishow, HBO e ESPN, a se mexerem, criando os próprios serviços on demand.
Outro segmento que se rendeu ao streaming foi o da música. Segundo um estudo da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês), mais da metade dos internautas brasileiros usou algum serviço desse tipo para ouvir canções em 2016. Entre os 13 maiores mercados globais de música, o Brasil está na quarta posição entre os principais consumidores de streaming, à frente de Estados Unidos, Japão, Reino Unido e França.
Com isso, o conteúdo online sob demanda vem se tornando um negócio com grande potencial de crescimento no país. De acordo com a Agência Nacional do Cinema (Ancine), já há 44 companhias de streaming operando em solo nacional. Mas a penetração desses serviços é baixa: só 10% dos domicílios brasileiros têm usuários de pelo menos uma dessas plataformas. E é justamente nessa estimativa que mora o otimismo, afinal, ainda há muito espaço para crescer.
Esse cenário também favorece o mercado de trabalho. Embora Netflix e Spotify, as duas maiores organizações do setor, façam segredo sobre o quadro de funcionários e as vagas abertas, sabe-se que nos dois as contratações estão a todo vapor. No LinkedIn, por exemplo, as duas companhias têm anunciado vagas para cargos executivos, gerenciais e operacionais.
Em geral, há três competências comuns procuradas para os postos: criatividade, pensamento estratégico e habilidades digitais. “As empresas do setor querem pessoas antenadas com a evolução de comportamento do cliente, dinâmicas e com capacidade de se adaptar e inovar”, diz André Ribeiro, da Produtive, consultoria de carreira de São Paulo. O conhecimento de idiomas, como inglês e espanhol, é um diferencial, uma vez que as negociações com fornecedores se dão dentro e fora do país — até a descrição dessas vagas costuma ser em inglês.
Carreiras técnicas, especialmente as ligadas a tecnologia, também estão em alta. Para desenvolver sistemas, colocar o conteúdo no formato adequado nas plataformas e atuar na gestão e na análise de tráfego dos dados, procuram-se profissionais de TI. Mas há uma peculiaridade. “Esse trabalhador precisa ter boa comunicação”, diz André. O perfil do nerd instrospectivo não tem chance, pois a rotina de trabalho é muito ágil e colaborativa.
Início de carreira
Entre as vagas mais anunciadas estão: analista de produto, analista e gerente de tráfego de dados, pesquisador de usuário, especialista em áudio e vídeo, designer de experiência do usuário, líder de programação e operador de streaming. Genis Fidélis, gerente especialista em varejo e digital da Michael Page, consultoria de recrutamento de São Paulo, afirma que o maior volume de cargos é para quem está no começo da carreira. “São estruturas que estão sendo montadas, então analistas e gerentes respondem pela maior parte das vagas. É uma boa oportunidade para quem está querendo mudar de emprego ou acabou de entrar no mercado de trabalho”, diz.
Esse é o caso do estudante de produção audiovisual paulistano Caio de Aquino Gallo, de 22 anos, social media do portal de streaming de vídeos Looke, o concorrente brasileiro da Netflix. Observando o crescimento do mercado de streaming, o jovem, que tem um canal sobre cinema no YouTube, enxergou uma oportunidade profissional. Em abril deste ano, depois de prospectar vagas em empresas do ramo, foi contratado para cuidar das redes sociais do Looke, que tem hoje cerca de 100 000 usuários. “Faço em média 18 posts por semana nas redes sociais e analiso dados das publicações, direcionando-as para clientes em potencial”, diz. Segundo Caio, o trabalho exige conhecimento sobre cinema e artes em geral. “Assisto a pelo menos dez filmes por semana e estou sempre atualizado para contextualizar as publicações”, afirma.
Enquanto as grandes empresas do segmento mantêm sua estratégia trancada a sete chaves (nenhuma das líderes do segmento procuradas pela reportagem quis abrir dados locais), as menores partem para a briga dispostas a abocanhar pelo menos uma lasca desse mercado.
Segundo Luiz Guimarães, diretor de conteúdo e negócios do Looke, a plataforma busca ser um complemento ao Netflix, por exemplo. “Acreditamos que o consumidor pode ter mais de um serviço de streaming”, diz. Lançado em 2015, o Looke tem 12 000 vídeos no acervo e cobra preços que variam de 99 centavos a 26 reais, dependendo da opção do cliente, que pode escolher entre aluguel avulso ou assinatura mensal.
Com sede em São Paulo, a companhia emprega 20 colaboradores, mas a possibilidade de um aporte financeiro pode aumentar esse quadro. “Até agora crescemos de forma orgânica, mas estamos buscando investidores. Caso nosso plano se concretize, podemos dobrar a equipe e iniciar uma expansão para a América Latina”, diz o executivo. No radar, estão especialistas em tecnologia, mas também profissionais das áreas comercial e jurídica, para realizar as negociações com os grandes estúdios.
Em outras plataformas, o plano é investir em nichos específicos. A Univer Video, por exemplo, aposta no conteúdo gospel. A Oldflix, nos filmes antigos. Na ClapMe, o foco são shows. Apesar de ter uma estrutura bem mais robusta do que esses empreendimentos, o Watch ESPN, on demand da ESPN, também tem como tática oferecer conteúdo especializado. Com uma média de 600 vídeos incorporados por mês, os fãs de esportes podem acessar o conteúdo do canal quando querem. “Estamos vivendo uma mudança de hábito. Antes, você parava para ver TV. Agora ela precisa te acompanhar”, diz Marcello Zeni, vice-presidente de afiliadas da ESPN no Brasil. De acordo com o executivo, um conteúdo no Watch ESPN chega a ter audiência até 170% maior do que na TV tradicional. Para cuidar do streaming da emissora, 70 dos 500 funcionários do canal já se dedicam ao serviço.
Priscila Penha, de 37 anos, é uma dessas pessoas. Formada em relações públicas, ela foi contratada há três meses como supervisora digital no canal ESPN. Entre as atribuições do cargo, recém-criado, está centralizar as ações de mídias sociais da emissora e ajudar a alavancar o negócio de streaming no país. Antes desse emprego, Priscila havia trabalhado durante dez anos na Sky e em um projeto de digitalização da TV aberta, comandado pela startup Seja Digital. “Para entender o que oferecer aos assinantes, eu precisei mudar a rotina e hoje consumo muito mais esporte do que antes”, afirma.
Como se especializar
Por ser um segmento novo, ainda não há especializações focadas no negócio de streaming. Para se aprofundar no assunto, é preciso buscar experiência no próprio mercado. “Ninguém espera que o candidato chegue pronto, mas há fóruns, palestras e debates sobre o assunto que podem enriquecer a experiência”, diz Genis Fidélis, da Michael Page.
Da mesma forma que os profissionais não têm uma bibliografia acadêmica para ajudar na capacitação, as empresas também têm dificuldades para encontrar gente qualificada para atuar na área. “Precisamos garimpar. Há mais oportunidades do que mão de obra qualificada”, diz a executiva da Michael Page.
Para quem deseja trabalhar nesse novo (e promissor) universo do entretenimento, vale lembrar que Amazon Prime Video, HBO Go e Disney Now vão ampliar seus serviços de streaming no Brasil em 2018, o que pode gerar ainda mais oportunidades.
A Gerente de Operações da Produtive, Tatiana Lemke, explica como recrutar de maneira assertiva o profissional de vendas em entrevista para o site da revista HSM
Entender os objetivos da contratação e adotar as entrevistar por competência são alguns passos; processo seletivo ruim, pode afetar os resultados da empresa
Contratar um novo funcionário nem sempre é uma tarefa simples – principalmente quando o assunto é vendas. Um bom vendedor é aquele que, além de atender bem, conhece a empresa e sabe ouvir e fidelizar os clientes. Por isso, contar com processos seletivos bem estruturados é essencial para selecionar bons talentos e encontrar os perfis certos para a empresa. “Com uma gama cada vez maior de profissionais disponíveis no mercado, é importante encontrar os que se encaixam no perfil da empresa, que sejam proativos e tenham energia”, ressalta Tatiana Lemke, gerente de operações da consultoria Produtive.
O primeiro passo para encontrar o vendedor certo, é entender as metas do negócio e os objetivos da contratação. “Se não tiver claro o que a empresa precisa, será uma busca no escuro, que dificilmente terá resultados: uma perda de tempo, energia e dinheiro”, ressalta Tatiana. Depois é hora do processo seletivo. Segundo Tatiana, as empresas adotam cada vez mais as entrevistas por competências – mais focadas nas experiências profissionais do candidato. “O recrutador pode fazer perguntas como ‘em quais momentos você demonstrou a sua proatividade? ’ ou ‘qual foi a última situação de pressão que você passou no trabalho? ’
Os testes comportamentais também são importantes aliados. Consistem, basicamente, em questionários que identificam as competências e características dos colaboradores, agrupando-os de acordo com características comuns. Questões como ambiente ideal de trabalho, habilidade para atuar em equipe e comportamento diante das dificuldades podem ser abordadas. Observe as respostas de cada um e identifique aqueles que possuem características importantes para um bom vendedor, como flexibilidade, gentileza, organização e proatividade.
Há também dinâmicas em grupo que ajudam recrutadores a entender como o candidato se comporta na prática. “Para a área de varejo, os candidatos podem, por exemplo, ‘vender’ um produto ou serviço indicado pelos recrutadores. Pode ser, até mesmo, algum objeto da sala”, explica Tatiana. Segundo ela, a ferramenta também é usada como filtro em processos com muitos candidatos. “Fazer uma entrevista individual com todos levaria muito tempo. Com a dinâmica em grupo, é possível analisar o trabalho em equipe e classificar os que se saírem melhor. ”
Se o processo for tocado todo pela área de recursos humanos é importante, no fim, que o candidato tenha um momento a sós com o gestor da área. “A entrevista final precisa ser feita com o líder do setor, abordando questões mais específicas, como habilidades técnicas, plano de carreira e expectativas do profissional”, conclui Tatiana.
Com a economia em recuperação, empresas voltam a disputar talentos e maquiar vagas. Rafael Souto, em seu artigo para a edição de março da Você S/A, explica porque o profissional em busca de oportunidade deve ficar atento a ofertas muito sedutoras.
O mercado de trabalho brasileiro passou por severas mudanças nos últimos anos. Até a década de 90, o desemprego era uma dádiva para os recrutadores, que se esbaldavam com profissionais desesperados por uma vaga. Era fácil contratar numa época de hiperinflação e empresas obsoletas.
Nos anos 2000, a situação era outra. A economia amadureceu e as companhias passaram a disputar os talentos, que começaram a fazer escolhas. De lá pra cá, os negócios se sofisticaram e a discussão sobre planejamento de carreira ganhou uma enorme atenção.
Hoje, não basta uma proposta. Indivíduos de alta empregabilidade querem não só selecionar seu futuro projeto como ser agente, interferindo em seu rumo. Eles buscam um propósito, uma causa na qual acreditem de verdade. São questionadores.
As organizações mais antenadas perceberam essa mudança de comportamento e passaram a formar equipes de talent acquisition, especializadas em buscar os melhores colaboradores. São os antigos profissionais de recrutamento e seleção, mas com uma roupagem contemporânea e com a missão de contratar pessoas extremamente qualificadas num mercado competitivo e escasso de opções. Eles funcionam como os massais, guerreiros tribais nômades que habitam regiões do Quênia e da Tanzânia e caçam enfrentando o enorme grau de dificuldade das savanas africanas. Em centenas de anos, eles desenvolveram técnicas para lidar com a adversidade do ambiente e para cumprir a missão de alimentar sua aldeia.
Os massais do século 21 também criaram meios inteligentes para ter um banco de talentos qualificado. Mudaram a lógica dos processos para atrair suas presas. Mas, muitos deles, exageraram na dose e se especializaram em dourar as propostas de trabalho.
Isso gerou um efeito colateral perverso. Na caça por gente qualificada, os talent acquisition alteram a realidade da oferta de emprego, minimizando as dificuldades da empresa ou ampliando o lado positivo dos projetos.
Com a economia em recuperação (o que deve gerar novas posições), essas “vagas douradas” vão aumentar e são um alerta vermelho para quem tende a ficar seduzido por um belo pote de ouro , sem se preocupar com o impacto que ele poderá trazer à própria carreira. Então, fique atento. Se você está buscando por oportunidades ou sendo assediado por recrutadores, cuidado com a decisão. Um dos guerreiros massais pode estar presente em sua próxima entrevista de emprego.
A gerente de Mercado na Produtive, Tatiana Penteado, mostra quais os principais erros que atrapalham o profissional no momento da entrevista para a Exame.com.
Por Claudia Gasparini
O mau momento do mercado de trabalho brasileiro faz com que os candidatos cheguem cada vez mais nervosos, aflitos e angustiados às entrevistas de emprego. É compreensível — mas todo esse estresse é mais nocivo do que parece.
Luís Fernando Martins, diretor da consultoria de recrutamento Hays Response, diz que a urgência em conseguir uma recolocação, ironicamente, faz com que muita gente apresente comportamentos que terminam por afastar oportunidades.
Em doses exageradas, a ansiedade tira a atenção, acentua cacoetes, atrapalha a espontaneidade da conversa e impede que o candidato revele plenamente o seu potencial na entrevista.
“O recrutador normalmente dá um desconto, porque sabe que a crise deixa as pessoas mais tensas”, diz Tatiana Penteado, gerente de mercado na consultoria Produtive. Mas às vezes o afobamento é tanto que se torna irritante e, para o prejuízo do candidato, acaba por desviar o foco do que realmente importa.
Mas quais atitudes realmente tiram os recrutadores do sério e devem ser evitadas a qualquer custo? Martins e Tatiana fizeram uma lista com as principais. Confira:
1. Não largar o celular
Parece surreal, mas até pessoas que estão precisando urgentemente de trabalho não conseguem desgrudar dos smartphones durante a entrevista de emprego. Às vezes o apego à telinha é sutil: o candidato apenas checa rapidamente se há alguma notificação entre uma frase e outra. Parece pouco, mas é o bastante para sugerir ao recrutador que ele não está tão interessado na oportunidade.
“A impressão que fica para nós é a de superficialidade, embora muitas vezes o gesto seja irracional, automático, ligado a uma necessidade cada vez maior de estar conectado o tempo todo”, diz Martins. “É lamentável, porque as pessoas estão deixando de viver o momento presente e perdem oportunidades de relacionamento”.
Para cativar o entrevistador, o conselho do especialista é dedicar toda a sua atenção a ele enquanto durar a conversa. Se tiver algum problema pessoal naquele dia, explique de antemão que talvez precise atender um telefonema urgente no meio da entrevista. Se não, o smartphone deve estar bem guardado e no modo avião.
2. Exagerar na autopromoção
É óbvio que todo candidato tentará “se vender” em uma entrevista de emprego. Mas há várias maneiras de fazer isso — e a prática do autoelogio não é a melhor delas. “É cansativo quando o profissional adota um tom muito narcisista na conversa, dizendo que é muito competente e que todos os seus resultados são exclusivamente por mérito próprio”, diz Penteado.
O princípio é o mesmo que vale para os currículos: quando o candidato se define como alguém perseverante, criativo, dedicado e carismático no “resumo de qualificações”, na verdade está dizendo que é arrogante, prepotente e ingênuo.
Além de ineficaz, o elogio ao próprio comportamento não convence ninguém. “O recrutador acredita em quem consegue se promover de forma inteligente, com base em exemplos e histórias reais, que façam o outro tirar suas próprias conclusões sobre o seu talento”, diz a gerente da Produtive.
3. Não avisar que vai se atrasar
Traço da cultura brasileira, a falta de pontualidade não pega bem em processos seletivos. É claro que imprevistos acontecem — mas é obrigatório avisar que você chegará atrasado caso seja surpreendido por um engarrafamento, por exemplo.
O melhor, claro, é evitar a demora. Mesmo que o dia pareça tranquilo, sem trânsito ou previsão de chuva, saia com antecedência para chegar pelo menos 15 minutos mais cedo do que seria necessário. Além de evitar o problema em si, isso fará com que você tenha tempo para relaxar um pouco antes de entrar na sala da entrevista.
Se mesmo assim acontecer, é importante ligar para o recrutador. Além de explicar claramente o motivo do atraso, é bom dar uma estimativa de quanto tempo extra você necessitará para chegar. “Sem isso, a impressão que fica é que a pessoa não tem um bom planejamento e, principalmente, que não tem interesse na vaga”, diz Martins.
4. Falar demais (ou de menos)
O nervosismo às vezes se manifesta de formas opostas, mas igualmente incômodas: a pessoa se torna verborrágica, dando detalhes desnecessários sobre sua trajetória, ou se comporta de forma lacônica, exigindo que o outro precise extrair informações a conta-gotas.
No primeiro caso, a situação fica ainda pior se a tagarelice incluir mentiras. Alguns candidatos “aumentam” algumas informações sobre si mesmos: dizem que concluíram cursos que só foram iniciados, afirmam ter inglês fluente quando dominam apenas o básico e até exageram o tamanho das equipes que lideraram.
O detalhe é que todos esses dados podem ser (e muitas vezes são) checados pelos entrevistadores. “Às vezes perguntamos ao candidato qual foi o motivo de uma demissão, mesmo quando já sabemos a história que a empresa nos passou”, diz Martins. “Quando as versões são diferentes, fica uma sensação de desconfiança”.