Foram entrevistados 9 mil recrutadores e gestores de RH de 39 países, entre eles o Brasil, que apontaram a forma como as empresas já estão mudando no processo de recrutamento. Os pontos mais comentados foram: novas técnicas de entrevistas utilizando tecnologias de inteligência artificial que ofereçam parâmetros de escolha que privilegiem a diversidade e o uso do Big Data para filtrar candidatos mais alinhados àquilo que a empresa precisa.
No levantamento, 78% dos recrutadores afirmaram que investir em diversidade é uma forma de aperfeiçoar a cultura e 62% acreditam que ela melhora o desempenho dos funcionários. O tema está dividido em alguns focos, como diversidade de gênero (71%), raça/ etnia (49%) e idade (48%). A questão da inclusão para promover um ambiente de respeito a opiniões diferentes também foi citada na entrevista em 67% dos casos.
Para Tatiana Penteado, gerente de mercado da Produtive, a questão é positiva, mas ainda está criando corpo e precisa de muita maturidade nos detalhes.
“Um dos pontos de atenção é em relação à mulher em cargos de gestão. Há muita resistência dos gestores por conta de a mulher ter filhos ou ser casada. Eles imaginam que a produção fora do horário de expediente será um impeditivo, quando, na verdade, o RH rebate dizendo que todos os funcionários precisam produzir dentro de seu expediente”, explica ela.
O que se observa, de acordo com a profissional, é que não existe um foco real em competências, e sim mais uma condição de cota que precisa ser cumprida. “Quanto maior o nível de gestão, menor a diversidade”.
A questão de incentivos na contratação (cota – como popularmente é chamado), na visão dela, não é algo negativo, pois sem isso não haveria o primeiro passo. No entanto, oferecer condições favoráveis e ambientes inclusivos para os contratados é algo extremamente prioritário.
Fato é, segundo Tatiana, que falta adequação de infraestrutura em diversas empresas para receber uma pessoa com deficiência física, por exemplo, como banheiro especial.
“Tudo deve ser tratado além do processo seletivo. Do contrário, a pessoa se sente desconfortável com a situação e a organização acaba tendo de lidar com outros problemas, como péssimo clima organizacional e alto índice de turn over”.
R&S DIGITAL
Dos entrevistados, 64% dos recrutadores afirmaram que usam Big Data “às vezes” e 79% que pretendem utilizar, em alguns casos, nos próximos dois anos.
Segundo Tatiana, isso já é utilizado em empresas no Brasil e o interessante de ferramentas com essa tecnologia é o cruzamento de dados. “É provável que muitos candidatos sequer foram ou serão chamados para entrevistas por causa dessa condição de análise de perfil profissional vs. perfil de vaga”.
Em relação ao uso de inteligência artificial, a profissional explica que hoje há diversas ferramentas comportamentais com infinidade de variações para aumentar o nível de assertividade na seleção. Existem algumas soluções que, além de otimizar o tempo do recrutador adiantando respostas que ele iria perguntar no momento da entrevista, oferece neutralidade e isonomia na escolha.
“A tendência realmente é tornar o processo mais online possível, como entrevista gravada utilizando um robô para aferir as competências técnicas do candidato. O cara a cara só será realizado após muitas avaliações”.
Não é à toa que o levantamento do Linkedin também revelou que 63% dos recrutadores afirmaram que os métodos tradicionais de entrevistas tendem a falhar e em identificar as “soft-skills”, 57% em entender as “fraquezas” dos candidatos e 42% que elas promovem entrevistas com vieses preconceituosos.
Aqui, no Brasil, são pouquíssimas empresas que fazem uma gestão de R&S quase toda digital. “Primeiro porque não há um super investimento nesse núcleo da empresa, principalmente em cenários de crise. E segundo que, quando fazem, é por meio de multinacionais que aplicam os processos em suas sedes e posteriormente nas filiais ao redor do mundo”, explica a gerente de mercado da Produtive.