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O FOCO SUSTENTA A CARREIRA

Qual a melhor estratégia para crescer profissionalmente, ser generalista ou ter um conhecimento específico? Rafael Souto responde a esta questão em seu novo artigo para a Você S/A.

Na hora de escolher um investimento em educação ou aceitar uma oferta de trabalho, com frequência, discutimos se a melhor estratégia de carreira é ter um foco específico ou ser um generalista.

Porém, quando observo o mercado, não tenho dúvida de que o profissional é favorecido quando possui uma área foco. A competitividade é maior para aquelas pessoas que tem um eixo funcional bem definido.

Uma pesquisa conduzida pela Columbia University e pela Tulane University revelou que mais de 400 alunos de MBAs que atuavam no mercado financeiro, mas que haviam se graduado em áreas distintas, obtiveram um bônus 35% maior se comparado ao dos que tinham formação específica em finanças. Os generalistas eram os preferidos; os especialistas, os castigados. Entretanto, mesmo que a formação acadêmica seja um fator de diferenciação, nenhum dele precisou migrar para outro departamento.

Thomas Malone, professor no Instituto de Pesquisa de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, explica em seu livro O Futuro dos Empregos (Editora M.Books) a “hiperespecialização” das carreiras. Ele afirma que não só as organizações, mas também todas as atividades da sociedade moderna necessitam de pessoas altamente especializadas. Isso ocorre porque a alta complexidade dos negócios, a redução das estruturas e a pressão por resultados de curto prazo exigem foco e conhecimentos consolidados numa área.

Precisamos compreender que área-foco significa um conjunto de atividades que compõem o eixo funcional de carreira. Por exemplo, para se especializar em RH é preciso ter experiência em recrutamento, seleção, remuneração e desenvolvimento. Portanto, construir uma área foco significa ter experiência em todas essas atividades ou no maior número delas possível. Navegar dentro de uma área é saudável e não significa perder o foco.

Além de construir uma especialidade, é importante complementar a carreira com uma visão sistêmica, principalmente para posições de liderança. O foco em um eixo funcional bem definido e a compreensão das áreas são os alicerces da carreira.

Estamos diante de movimentos de transformação dos modelos tradicionais de trabalho. Uma das iniciativas contemporâneas é a criação de hubs, ou grupos que contribuem com diversas atividades da empresa, sem hierarquia e sem necessariamente estarem em sua área de origem. Esses modelos flexíveis serão necessários para oxigenar as carreiras e permitir movimentos não lineares, uma vez que o organograma clássico dá sinais de cansaço e as estruturas tradicionais estão limitadas.

É importante não se iludir: o conhecimento sólido numa área continuará dando sustentação à carreira independente do modelo. Acompanhar as mudanças da área e se atualizar são antídotos do envelhecimento e darão sustentação no longo prazo