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Produtividade tóxica pode ser prejudicial aos funcionários

O mito de que o valor de um profissional se mede pela quantidade de tarefas que ele realiza tem levado muitos talentos ao excesso de trabalho

E se ninguém mais achasse que estar ocupado é ser importante?” Esta é uma das provocações do consultor londrino de liderança e negócios Greg McKeown, em seu livro Essencialismo: A Disciplinada Busca por Menos (Sextante, 36 reais). De acordo com ele, o mais importante é pensar em fazer melhor, não em fazer mais. Há uma lógica nessa afirmação: o excesso de tarefas e a ausência de limites prejudicam a carreira e a vida. Isso quer dizer que, quanto mais horas extras cumpridas, mais sobrecarga, menor constância, piores resultados e, claro, menos saúde.

Mas não é de hoje que o excesso de trabalho é glamorizado. Muitos profissionais sentem até certo orgulho ao dizer que mal almoçaram por causa das demandas e que passaram o fim de semana em meio a relatórios. Esse sempre foi, inclusive, um perfil típico de quem veste a camisa da empresa.

Com a pandemia e a adesão das companhias ao home office, a rotina exaustiva ganhou ainda mais força, como mostram pesquisas recentes. Segundo um levantamento feito pela plataforma Capterra, sete em cada dez pessoas tiveram algum sintoma de burnout desde que começaram a trabalhar a partir de casa. Outro estudo, do Instituto Ipsos, mostrou que 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou no último ano.

Não à toa, especialistas em carreira passaram a falar sobre produtividade tóxica, que acontece quando o profissional tem a sensação de que precisa, o tempo todo, fazer algo considerado produtivo. Isso significa, por exemplo, trabalhar mais horas do que antes, estar constantemente conectado, usar todos os períodos livres para produzir e deixar de almoçar para participar de uma reunião.

O preço da produtividade em excesso

O que a empresa pode perder ao incentivar – ou fechar os olhos – para a produção desenfreada

Menos inovação

Quando as pessoas não têm momentos de pausas, a inovação fica em segundo plano. Isso porque, para pensar em novas ideias, é preciso parar, refletir e trocar ideias. Sem isso, a empresa se torna burocrática e trabalha apenas para atingir resultados ou metas. É como se o negócio entrasse no piloto automático.

Clima pesado

O trabalho em excesso deixa as pessoas nervosas, impacientes e mais agressivas. Isso reflete diretamente no clima organizacional e impacta a felicidade.

Foco apenas no curto prazo

Sem tempo para pensar no futuro, a empresa começa a funcionar apenas para atender as demandas do curto prazo ou para apagar incêndios. Isso impacta diretamente alguns projetos de gestão de carreira, como a sucessão, já que o líder não consegue conversar e preparar as pessoas, e as reflexões de carreira. Com isso, a continuidade da empresa fica prejudicada e isso pode atrapalhar a competitividade.

Fuga de talentos

Com um ambiente pesado, sem trocas e trabalho em excesso, os principais talentos começam a buscar outras alternativas de carreira e a empresa perde a atratividade e prejudica a marca empregadora. Ninguém quer trabalhar num lugar que não valoriza a qualidade de vida e a saúde.

Afastamentos por doenças

A produtividade em excesso gera doenças no time, como burnout, depressão e ansiedade crônica. Isso, além de comprometer a marca empregadora, gera mais gastos à empresa e pode comprometer a produtividade do resto da equipe, que ao notar as consequências dos excessos, também fica abalada.

Fonte: Rafael Souto, presidente da Produtive, consultoria de planejamento e transição de carreira.

Home office: desafios de trabalhar em casa e dicas para ser produtivo

Nem todo mundo se adapta trabalhando em home office. Para que tem esta opção, mas está com dificuldades em fazer a própria gestão no ambiente familiar, veja as dicas do gerente da área de Mercado da Produtive, Fernando De Vincenzo, que foi entrevistado pelo UOL.


Testar a capacidade de autogestão é só o começo. Trabalhando de casa, pode ser bem complicado avaliar a própria performance, sem contar com feedbacks presenciais constantes, por exemplo. A seguir, quem já atua nesse modelo conta o que provoca insegurança e até infelicidade no dia a dia de trabalho. Eles garantem que a comodidade nem sempre compensa os riscos para a carreira. Na sequência, especialistas contam o que é preciso fazer para minimizar as chances de ficar estagnado ou de comprometer os resultados estabelecidos pela empresa.

Falta de visão estratégica

Trabalhando de casa, um dos desafios é manter uma visão geral do negócio, entender o que está rolando na empresa naquele momento para, a partir de dados objetivos, orientar as próprias tarefas e balizar o próprio desempenho, sem a necessidade de um chefe presente para fazer isso. A arquiteta Lilian F. Malta, 34 anos, conta que até tentou, mas não deu conta desse nível de responsabilidade: “Sempre achei que poderia tocar o barco “Sempre achei que poderia tocar o barco sozinha, sem um chefe presente, mas vi que quando as decisões estavam nas minhas mãos, me perdia por completo”. Ela sentiu falta de alguém direcionando e cobrando suas ações e, sem um norte, diminuiu muito a produtividade.

Dica do especialista: “Ao aceitar esse tipo de trabalho, o funcionário precisará pensar como um protagonista, tanto de resultado, quanto de performance, com autonomia e responsabilidade”, avisa Fernando De Vincenzo, gerente da área de Mercado da Produtive Carreira e Conexões. Assim, traçar seus próprios planos e metas, diariamente, é fundamental. Se necessário, vale alinhar com um superior as prioridades de atuação em um determinado período. Mas é interessante que a iniciativa de discutir seja sua.

Pouca troca

Não ter contato com pessoas com quem possa trocar ideias sobre o trabalho que está em andamento também pode ser um empecilho e tanto. “Não é que você não possa fazer isso usando a tecnologia, mas o feedback presencial parece mais rápido”, explica a gerente financeira Adriana Matos Medardoni Henriques, 49 anos, que está há dez meses em home office e confessa que ainda não se adaptou a trabalhar longe da equipe.

Dica do especialista: na realidade, mesmo em casa, é possível trocar ideias, referências e pedir feedback regularmente, é só uma questão de mudar a cabeça. Afinal, trocar arquivos e mensagens pelo WhatsApp leva só alguns segundos. Dar bom dia para a geral e perguntar como foi a noite anterior aos colegas mais próximos também é uma maneira de se manter integrado. Mas, além desse feed informal, é preciso combinar com a chefia alguns momentos para um retorno mais objetivo, em relação às suas entregas. “É preciso ter muito claro o combinado que a empresa estabeleceu e cuidar para que seja cumprido: seja conversar diariamente ou a cada dez dias”, diz De Vincenzo. Participar de reuniões e eventos presenciais, sempre que possível, também ajuda a manter o vínculo.

Baixo reconhecimento

Em home, a necessidade de mostrar resultado, para obter o reconhecimento esperado, pode se tornar uma verdadeira obsessão. Heloísa Kehrig, 46 anos, está há um mês no home office atuando como consultora e treinamento, vinculada a uma empresa de Brasília. Ela acha que, por estar distante, fica mais fácil passar batida pelo olhar da gestão. “Eu sempre fico com a sensação de que as pessoas pensam que não estou trabalhando e, para compensar, mando e-mails e mensagens frequentes”, afirma.

Dica de especialista: segundo De Vincenzo, não é preciso informar à chefia ou a equipe cada passo dado, na rotina do trabalho. Mas, ao final de cada tarefa, ou a cada entrega realizada, é preciso que toda a equipe envolvida seja notificada, inclusive o gestor. “Faça o seu trabalho corretamente e apresente resultado. Essa é a melhor forma de aparecer para o seu chefe”, garante.

Intervenções constantes

Quando a função exige contato frequente com clientes, a falta de um lugar adequado para atendê-los pode acabar arranhando a imagem do profissional. Essa é outra reclamação da Heloísa. “Se a gente usa uma área compartilhada para trabalhar fica bem complicado controlar os barulhos externos”, diz. Mesmo em um cômodo isolado e equipado, nem sempre é possível evitar uma interrupção súbita ou a passagem do som de outro ambiente, como o da máquina de lavar na área de serviço, por exemplo.

Pouco tempo livre

Pode parecer contraditório, mas a flexibilidade de horário também pode ser considerada uma desvantagem, porque toda hora é hora de trabalhar. Ou de aproveitar o lazer. A armadilha é não organizar o próprio tempo e não estabelecer limites entre uma coisa e outra. “Comecei a carregar meu notebook para todos os lados, sempre temendo que uma demanda urgente pudesse aparecer a qualquer momento. Recebia mensagens até de madrugada”, lembra Rafael Deusdará, 35 anos, publicitário.

Dica do especialista: para Dilma, é importante estabelecer horários não apenas para a produção intelectual, mas também para ligações, leitura de e-mails e de WhatsApp e, inclusive, deixar isso combinado com o gestor. Daí, ambas as partes precisam se comprometer com o que foi estabelecido e impor limites aos excessos. Vitor Mattoso, especialista em Liderança, Criatividade, Estratégia e Negócios, formado em Direito pela Faculdade Gama Filho (RJ), diz que é preciso fazer também alguns acordos consigo mesmo. “Não misture vida pessoal e trabalho. Estabeleça a regra de só se sentar na cadeira operativa do escritório para cuidar de assuntos profissionais, por exemplo”. Esses hábitos criados e mantidos ao longo do tempo vão ajudá-lo a manter o foco quando o momento é de se dedicar à carreira e a abrir a cabeça para as outras atividades quando o expediente já tiver acabado.

Home office: um guia prático para adotá-lo em sua empresa

Home office é uma tendência e vem ganhando espaço em muitas empresas, apesar disto ainda é uma prática muito questionada. Claudia Monari, diretora de operações da Produtive, fala sobre os benefícios de adotar o home office nas empresas para o portal IT Fórum

Apesar de ser considerado uma tendência e fazer parte da rotina de empresas dos mais diversos setores, o home office ainda é muito questionado. Para investigar o tema, professores da Universidade de Stanford decidiram estudar o caso da Ctrip, agência de viagens chinesa que possui mais de 20 mil funcionários e implementou um projeto-piloto sobre o assunto. A companhia separou os colaboradores em dois  grupos: o primeiro, trabalhou no sistema de trabalho remoto durante nove meses; já o segundo permaneceu no esquema tradicional. Como resultado, aqueles que trabalharam remotamente tiveram uma produtividade 13% superior aos demais funcionários.

Já no Brasil, entre os funcionários que trabalham de casa – segundo o estudo Global Evolving Workforce que entrevistou cinco mil profissionais de pequenas, médias e grandes empresas -, 49% sentem menos estresse, 45% dirigem menos, 33% dormem mais e 52% têm mais tempo para a família. “As empresas que colocam em prática o home office ganham produtividade e otimizam os custos, já que os gastos com deslocamento diminuem e os funcionários conseguem aproveitar melhor o tempo. Mesmo as companhias mais tradicionais vão ter que pensar nisso um dia”, explica Claudia Monari, diretora de operações da consultoria Produtive.

Porém, apesar dos benefícios, adotar um projeto desse tipo não é uma tarefa fácil. Segundo Claudia, o processo envolve maturidade, mudanças de gestão e adoção de tecnologias. “Não é simplesmente começar a trabalhar de casa. A empresa precisa avaliar os processos e entender se está apta para o modelo”, ressalta. Veja, a seguir, como colocar o home office em prática:

Analise a empresa

O primeiro passo é avaliar a rotina e o modelo de negócio da companhia. Caso a organização  dependa da produção de mercadorias, por exemplo, o home office não é uma boa opção para todos os funcionários. Já para empresas totalmente voltadas para serviços e que dependam apenas de internet ou de softwares na nuvem, o trabalho remoto pode funcionar para todos.

Crie um projeto-piloto

Depois de avaliar o negócio e considerar quais áreas permitem o trabalho remoto, é importante criar um projeto-piloto, que leve em conta as políticas da empresa e boas práticas do novo modelo. Observar companhias que já oferecem o benefício é uma boa forma de começar. A política deve conter, além das regras e obrigatoriedades da lei, como pagamento de hora extra e fornecimento de equipamentos, uma lista com os recursos necessários para assegurar que o trabalho remoto seja efetivo – como softwares e aplicativos. Com o tempo, o modelo pode sofrer alterações para se adaptar às necessidades do negócio.

Conscientize os funcionários

“Os profissionais precisam conhecer bem o modelo e passar por uma mudança cultural para entender que os resultados continuam e são ainda mais importantes nessa nova fase”, ressalta Claudia. Para isso, é importante investir em treinamentos, palestras e em comunicações exclusivas sobre o tema, que tirem todas as dúvidas dos colaboradores.  O desempenho passa a ser medido por resultados e não por horas trabalhadas, por exemplo.

Use a tecnologia

“Em projetos de trabalho remoto, a tecnologia é fundamental. O funcionário precisa ter estrutura para conseguir trabalhar, com computador, internet, celular e softwares que ajudem na comunicação”, explica Claudia. É importante, ainda, que os colaboradores continuem se falando e não sintam que estão sendo deixados de lado. Nesse sentido, tecnologias como videoconferência, chats e aplicativos que auxiliam na criação de projetos e gerenciamento de tempo são essenciais.

Fique atento às mudanças de gestão

Para manter a produtividade é importante que os líderes das áreas envolvidas estejam sempre presentes, acompanhando os resultados e orientando os colaboradores. “É preciso ter a consciência de que cada funcionário tem o seu ritmo, e que reuniões semanais, por exemplo, podem ser importantes para alinhar as tarefas”, completa.

Você tem perfil para fazer home office?

O CEO da Produtive, Rafael Souto, fala sobre os perfis que desempenham melhor papel no modelo home office para o app da Você S/A.

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As vantagens do home office são inegáveis – fazer o próprio horário, fugir do trânsito, não se preocupar com o visual e até realizar tarefas da casa (como colocar a roupa na máquina de lavar) entre uma pausa e outra. Mas, apesar do lado positivo, trabalhar de casa também tem suas armadilhas.

A principal delas é evitar as distrações do lar, como aquele desejo incontrolável de dar uma zapeada na TV ou então tirar de uma soneca.

Outra desvantagem é perder a convivência diária com o time, que pode ser bastante enriquecedora. “Tem gente que relata solidão longe do escritório”, afirma Rafael Souto, CEO da Produtive, consultoria de carreira e outplacement.

De acordo com ele, algumas áreas e atividades dependem mais de interação entre os profissionais do que outras. Por isso, é essencial observar a natureza do ofício antes de definir o tipo de home office que será adotado – quando o compartilhamento e a troca de informações são importantes, o ideal é estabelecer uma rotina híbrida, combinando dias de home office e dias de trabalho na empresa.

Apesar dos desafios, quem nunca fez home office deve estar aberto à experiência. Afinal, como ressaltam os especialistas, mais cedo ou mais tarde essa realidade pode bater à porta.

Para que a experiência dê certo, no entanto, deve-se tomar alguns cuidados. O primeiro deles é ter um espaço reservado para o trabalho – com boa iluminação e um certo isolamento do restante da casa. O quarto é melhor que a sala, sobretudo se houver mais pessoas na casa.

O segundo é fazer um planejamento diário e estabelecer uma rotina de horários, inclusive para almoço: quem interrompe as atividades a todo momento para fazer uma visitinha à geladeira tende a perder o foco e a produtividade, por exemplo.

“Se pecar na organização e na disciplina e misturar a rotina pessoal com a profissional, a pessoa fatalmente vai trabalhar até tarde para cumprir as metas, prejudicando a saúde”, diz Souto.