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Desempregado depois dos 40? Veja dicas para quem enfrenta essa situação

Para as pessoas da meia idade que estão em busca de recolocação no mercado de trabalho, o desafio ainda é um pouco maior, pois têm de enfrentar o preconceito com a faixa etária. Na reportagem do UOL, nosso CEO, Rafael Souto, fala sobre como superar as dificuldades da recolocação depois dos 40 anos. Veja as dicas.


A atual situação do país tornou difícil a recolocação no mercado de trabalho – não por acaso, as taxas de desemprego seguem subindo. Mas, para o pessoal da meia idade, o desafio ainda é um pouco maior: enfrentar o preconceito com a faixa etária. “Isso pode estar ancorado em um modelo ultrapassado dos contratantes. A partir dos 40 anos de idade, não estar em posições de alta gestão pode indicar dificuldade de recolocação”, explica Rafael Souto, sócio-fundador e CEO da Produtive Carreira e Conexões com o Mercado.

Ele acredita que, apesar do problema existir, é possível superá-lo. “O profissional deve insistir em sua rede de contatos e, na entrevista, mostrar interesse e foco”, sugere.

A coach e consultora em RH Bernadete Pupo, autora do livro “Empregabilidade Acima dos 40 Anos” (Expressão e Arte), afirma que a discriminação etária não é uma constante. “O mercado de trabalho vem sofrendo muitas alterações nos últimos dez anos. Há uma nova dinâmica para a mudança de cultura, ainda que lenta”. Ela acredita que a questão da longevidade começa a ganhar notoriedade. Por isso, é importante manter-se informado e buscar especializações para continuar competindo de forma igual. “Quem fica parado, sem se adaptar às novas tecnologias pode encontrar dificuldades em qualquer idade”, defende.

Ela alerta que é essencial ter consciência de sua atuação e buscar oportunidades que se encaixam nela. “Uma pessoa com experiência e qualificação disputando uma vaga que exige agilidade, movimentação, como demonstração de produtos pesados, por exemplo, irá perder a oportunidade para o mais jovem”, exemplifica. Mas refletir conscientemente sobre a carreira faz com que o profissional mais experiente perceba que saiu do jogo apenas temporariamente e que, por meio da criatividade ou de novos aprendizados, pode reconquistar o seu espaço.

O que é currículo cego?

“Estou desempregada há seis anos, envio muitos currículos e nunca sou chamada para entrevista. Tenho qualificação para a função pretendida, mas acredito que a idade é um empecilho”, confirma Eliane Fernandes, 48 anos, telefonista. Ela diz que seu cargo ficou obsoleto, mas tem experiência em secretaria de unidades de ensino. Mesmo assim, não consegue nada. “Talvez, fosse melhor não indicar a idade no currículo”, afirma.

Realmente existe a proposta de implementar no Brasil o ‘currículo cego’. “O conceito surgiu na Europa e é muito praticado por lá. Empresas acima de 50 colaboradores são obrigadas excluir dados pessoais do candidato como idade, gênero, raça, cor e religião. “É só uma questão de tempo para que as organizações no Brasil se conscientizem sobre a importância da igualdade”, garante.

Dicas para enfrentar o preconceito

  1. Ajuste-se às mudanças nas relações de trabalho, aceitando-as como uma nova realidade, preparando-se para trabalhar com ou sem carteira assinada.
  2. Valorize-se! Procure não distribuir seu currículo aleatoriamente. Esse é um dos fatores que rotula o candidato como mercadoria sem valor, e não como alguém produtivo, capaz e merecedor.
  3. Pesquise empresas do segmento que lhe interessa. Sua chance de conseguir uma recolocação será muito maior.
  4. Procure fazer cursos de complementação profissional fora da área de atuação. Utilize a Internet: existem vários cursos oferecidos gratuitamente, que servirão para enriquecer seus conhecimentos e habilidades.
  5. Prepare-se para enquadrar-se financeiramente numa faixa salarial menor. Reveja e ajuste seus compromissos. Dependendo do tempo que permaneceu na empresa anterior, o salário pode sofrer deflação.

Como atrair a atenção do mercado

A edição de agosto da revista Você S/A traz reportagem sobre as cinco competências mais desejadas do momento por recrutadores ou headhunters. Com exclusividade, a Produtive preparou um Guia de Autoconhecimento para o profissional descobrir gaps e fortalezas, com dicas para desenvolver essas competências.

Sobre a habilidade de Comunicação, por exemplo, Cláudia Monari, Diretora de Operações da Produtive, explica que a forma como indivíduos o fazem influencia na qualidade da tarefa.

A VOCÊ S/A analisou 288 páginas de estudos e relatórios nacionais e internacionais preparados por órgãos como Fórum Econômico Mundial, Garther, Capgemini e Falconi. Juntas, essas instituições ouviram mais de 14.000 pessoas, entre empregados e líderes, de cerca de 1.000 empresas em 130 países. Com base no cruzamento dos dados, destacamos cinco competências mais demandadas atualmente. Só para ter uma ideia, no Brasil, 80% das vagas trabalhadas pela consultoria de recolocação Produtive exigem que os candidatos tenham uma boa comunicação e pensamento digital – duas aptidões dessa reportagem.

Guia de autoconhecimento

Teste feito com exclusividade para VOCÊ S/A ajuda a analisar quais são as suas competências mais fortes e quais devem ser aprimoradas.

 

COMO FAZER A ANÁLISE

Eleja uma pontuação de 0 a 10 como você acha que posiciona em cada competência.

2 Peça feedbacks a gestores, pares e subordinados para verificar se a autoavaliação está correta e faça um comparativo.

3 Monte um plano de desenvolvimento para as competências de notas mais baixas.

PERGUNTAS

 

Comunicação (oral e escrita)

  • Consigo expressar minhas ideias de forma clara e objetiva?

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  • As pessoas costumam pedir mais explicações sobre o assunto que estou falando?

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  • Quando oriento as pessoas, elas fazem exatamente o que eu espero?

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Resolução de problemas

  • Sou chamado para ajudar na resolução de alguma questão complexa que foge de minha rotina?

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  • Quando ofereço soluções, recebo feedbacks de que fui assertivo?

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  • As pessoas tendem a não considerar as minhas opiniões quando tento solucionar uma questão que fico sabendo por acaso?

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Atenção aos detalhes

  • Quando estou participando de um novo projeto, consigo ter uma visão de todas as etapas?

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  • Eu me planejo para todas as etapas da execução de uma demanda?

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  • Consigo me antecipar a possíveis gargalos e problemas de um trabalho?

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Pensamento digital

  • Quanto estou adaptado a novas mídias digitais?

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  • Penso nas mídias digitais de forma estratégica para o negócio e para meu posicionamento de marca profissional?

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  • Sou aberto a soluções com as novas tecnologias?

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Poder de adaptação

  • Sou resistente a novas ideias, processos ou transformações?

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  • Estou aberto a ver de forma positiva as mudanças que agregam valor ao meu trabalho?

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  • Me considero resiliente diante das frustrações ou dos obstáculos que encontro no meu trabalho?

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O IMPÉRIO DOS JARGÕES E DOS CLICHÊS CORPORATIVOS

Segundo pesquisa, o uso de palavras complexas para expressar ideias simples é sinal de baixa inteligência e pouca credibilidade. É sobre este tema tão importante de carreira que Rafael Souto aborda em seu novo artigo para o Valor Econômico.

Escrevo nesta coluna há seis anos, que somados aos 23 que atuo como consultor de carreira, tenho a constante oportunidade de conversar com executivos dos mais variados setores.

A cada ano fico mais intrigado com a proliferação dos jargões corporativos. Mesclar palavras em outro idioma no meio das frases parece ser uma estratégia para dar credibilidade aos discursos, que muitas vezes são confusos e vazios, ou dar notícias difíceis com uma série de expressões complicadas, é entendido como um bom método para deixar a audiência menos irritada.

Lucy Kellaway, jornalista e ex-colunista do Financial Times, chamava esses jargões e clichês de besteirol corporativo. Como mestre desta arte, ela citou Howard Schultz, ex-presidente e membro do conselho da Starbucks, que falava frases como “experiência ultra imersiva e super premium em cafés”  ou “estamos 110% comprometidos com nossos clientes”.

O professor de psicologia da Universidade americana  de Princeton, Danny Oppenheimer, fez um estudo sobre o tema e mostrou que o uso de palavras complexas para expressar ideias simples é interpretado como sinal de baixa inteligência e pouca credibilidade. A conclusão é que a mensagem clara e direta tem impacto muito maior do que comunicações complicadas.

Embora o interlocutor fique com a sensação de que está impressionando positivamente ao comunicar-se de forma complexa, no fim das contas, é interpretado de maneira negativa. Na verdade, o vocabulário erudito e cheio de clichês só atrapalha.

O que parece é que boa parte dos executivos não compactua com as ideias do professor Opperheimer. Expressões como downsising, alinhamento, branding, follow-up, disruptivo, deadline, expertise, digital-first, enchem as reuniões de negócios e os textos corporativos.

Outra pesquisa publicada na Harvard Business Review pela professora Karen Mazurkewich afirma que líderes de empresas iniciantes que buscam investimentos obtém 50% a mais de sucesso quando fazem suas apresentações sem jargões técnicos e de forma simples e clara. Quanto mais diretos forem os discursos de apresentação, mais chances eles têm de ser atrativos para os investidores.

Conversando com executivos em uma visita recente, perguntei como estavam os resultados da empresa e eis o que ouvi: “neste Q2 estamos flat em relação ao ano passado”. Talvez fosse melhor dizer: “neste segundo trimestre, estamos com resultados fracos”, ao invés de incluir Q2 (quarter 2), e flat. Provavelmente a situação era bem mais grave do que isso e as expressões em inglês poderiam aliviar um pouco a própria pressão interna.

Quando observamos as conversas do momento de demissão, os clichês e as frases complicadas ganham contornos circenses. Alguns memorandos falam em: “otimizar recursos para maximizar resultados”. Quando, no fundo, todos sabem que a empresa está demitindo porque os resultados não foram satisfatórios e a organização precisa sobreviver. Ou ainda, quando um executivo é demitido, a expressão favorita é “chegamos à conclusão que deveríamos encerrar um ciclo”.

O mais intrigante dessa questão é que as pessoas sabem o que está por trás da comunicação rebuscada. Talvez alguns iniciantes fiquem impressionados pelas expressões sofisticadas. Mas, a maioria dos funcionários percebe a ideia obscura ou a falta de clareza na comunicação.

Essa provocação também cabe para o setor em que atuo. Consultorias são hábeis em criar complexidade no lugar de comunicações mais diretas e objetivas. Muitas vezes são as consultorias que constroem os jargões que depois caem no gosto dos executivos.

Estamos numa fase de profunda reflexão e transformação dos negócios. Muitas empresas criaram grupos de inovação para liderar as mudanças. Um dos desafios desses projetos é estimular comunicações claras. Construir uma cultura de simplicidade é uma potente forma de conectar pessoas e negócios. Essa comunicação transparente cria confiança e deixa as pessoas mais seguras. Ou traduzindo para o jargão de recursos humanos: “é uma estratégia contemporânea de engajamento dos colaboradores”.