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Desinteresse de jovens pela liderança é sinal dos tempos

Quantos jovens você conhece que sonham com a  posição de diretor corporativo e quantos estão simplesmente exaustos, torcendo pela popularização da semana de quatro dias?

A cadeira de CEO não faz brilhar os olhos de profissionais de começo de carreira. Essa foi a conclusão de Gorick Ng, escritor e conselheiro de carreira na Universidade de Harvard, ao investigar quais eram as prioridades profissionais dos universitários, no fim do ano passado.

O que ele descobriu é que dentre os estudantes de uma das universidades mais tradicionais e renomadas, apenas 2% tinham como meta escalar a hierarquia corporativa, traçando o caminho linear de carreira. A maioria das respostas girava em torno do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e estabilidade financeira.

No começo da década, um estudo global realizado pela consultoria Deloitte em 2020, apontou para um quadro mais geral de diminuição do interesse pela gestão, revelando que apenas 29% dos millennials e 27% da geração Z estavam interessados em ocupar cargos de liderança.

As circunstâncias e fenômenos enfrentados pelos jovens devem ser levadas em consideração em uma eventual análise dessa realidade. A pandemia global, crises financeiras e políticas, tensões crescentes e polarizações exacerbadas estão moldando a percepção de mundo dos jovens e influenciando seus comportamentos.

O aumento dos casos de burnout também é um aspecto que chama atenção e que pesa sobre o cenário. Pesquisas indicam que os norte-americanos saíram da pandemia com uma saúde mental três vezes pior. No Brasil, 44% dos entrevistados pela consultoria de recrutamento Robert Half relataram estado de esgotamento profissional, após o período de pandemia.

A pressão e sobrecarga de trabalho dos líderes são fatores que afugentam cada vez mais os profissionais de cargos de gestão. Em um contexto em que as expectativas em torno da liderança são cada vez mais rigorosas, muitos indivíduos percebem que tais requisitos não correspondem a suas aspirações e não se sentem diminuídos por isso, diferentemente do que ocorria em tempos passados. Um ponto positivo é que os novos modelos e formatos mais flexíveis de trabalho abriram espaço para a autenticidade e personalização da experiência de carreira.

É dado que no mundo pós-pandemia, as pessoas passaram a visitar e revisitar valores, repensando propósito e ajustando seu desenho de vida. O modelo de pensar a carreira e tomar as decisões de movimentação no mercado está hoje mais ligado à compreensão de vida, propósito, valores e autoconhecimento do que no enquadramento a um conjunto de cargos numa trajetória linear de subida numa grande  organização.

Nesse sentido, é preciso refletir sobre meios de atração  e engajamento da nova geração de líderes. É cada vez mais importante ampliar as experiências de carreira oferecidas e oferecer um portfólio de recursos de aprendizagem atraente e eficaz, capaz de reter os melhores talentos.

Um mundo em constante e rápida transformação exige uma agenda contemporânea de desenvolvimento de líderes, que  oriente a aquisição de um conjunto de habilidades alinhado às necessidades e responsabilidades do papel de líder atual.

Mas, de nada adianta melhorar a competência dos líderes e afogá-los na operação, sem deixar espaço para que eles possam praticar a liderança, apoiando e desenvolvendo o time.

Como iremos influenciar os jovens para assumirem posições de liderança se basta olhar para a agenda dos gestores e constatar que a essência da missão da liderança, em muitos casos, está perdida entre reuniões, entregas, relatórios, e-mails?

É hora de decidir a profissão?

Tatiana Lemke, gerente de operações da Produtive, concede entrevista para o Zero Hora e fala sobre os dilemas na escolha de profissão na adolescência e oferece dicas de como ser mais assertivo na hora de tomar uma decisão tão difícil.

Ao chegar na última etapa escolar — o Ensino Médio, os jovens deparam com uma grande decisão: qual carreira seguir? Em meio a um universo de opções profissionais que são atualizadas constantemente com novas atividades, é normal que apareçam muitas dúvidas. Seguir a carreira que os pais sonham? Trabalhar com o que trará realização pessoal ou com algo que dará um bom retorno financeiro? Escolher uma profissão que está em alta no mercado ou uma que ainda está em desenvolvimento?

De acordo com Tatiana Lemke, gerente de operações da consultoria de recursos humanos Produtive Carreira e Conexões com o Mercado, adolescentes que se questionam quanto à carreira podem ser divididos em dois grupos: os que não sabem com o que se identificam e os que sabem as áreas que gostam, mas têm dúvida sobre qual seguir.

Adolescentes que escolhem a profissão cedo, antes mesmo de chegar ao Ensino Médio, normalmente se inspiram em alguém, como um familiar, segundo a psicóloga e orientadora profissional Adriana Souza. Eles conseguem ver de perto os prós e contras da atividade.  No entanto, há jovens que fazem o curso que os pais escolhem, mesmo tendo preferência por outro, e acabam trocando de graduação em algum momento. Também existem aqueles que se formam, mas nem chegam a atuar na área. Segundo Tatiana, a influência da família muitas vazias pode variar entre “com tal profissão você vai morrer de fome” até “se  isso vai te fazer feliz, vai em frente”. Ela afirma que muitos pais projetam no filho a profissão que desejavam ter.

— O ideal é ir trocando ideias e esclarecendo dúvidas, dentro do possível, sobre o mercado de trabalho, ajudando o filho a refletir sobre suas opções — comenta.

Dicas para ajudar na escolha do curso e da profissão

Faça um teste vocacional

O teste vocacional pode ser o primeiro passo no processo de escolha da carreira. A ferramenta ajuda a aumentar o autoconhecimento, já que reúne a personalidade com atribuições profissionais e mostra uma ou mais áreas que se encaixam com o seu perfil. No entanto, dentro de uma área, podem existir muitas possibilidades de segmentos para atuação. Assim, o teste deve ser considerado um primeiro passo para esta decisão e não como um processo único.

Avalie as atividades que você gosta de fazer no dia a dia

Autoconhecimento é essencial para escolher a profissão. Avalie se as atividades que você gosta de fazer e as que você se imagina realizando na sua rotina de trabalho têm relação com sua área de interesse. Para isso, você pode fazer pesquisas na internet sobre as atribuições e o dia a dia das profissões que chamam a sua atenção. A dica da Flavia Wagner, psicóloga do Serviço de Orientação Profissional (SOP) da UFRGS, é o site Guia do Estudante da Abril. Participe de feiras de carreira promovidas por universidades, pois elas possibilitam conhecer mais sobre o curso ao qual você terá que se dedicar até a formação. Envolva-se em tudo que possa proporcionar vivência e experimentação — se possível, vá a uma empresa observar um dia de trabalho de algum profissional.

Converse com profissionais da área do seu interesse

Conversar com pessoas que atuam na área que você se identifica pode ser uma boa oportunidade para esclarecer dúvidas e conhecer mais sobre os segmentos nos quais é possível atuar. O ideal é trocar ideias com um profissional recém formado, para ter uma noção sobre o cenário atual do mercado de trabalho e, também, com alguém que já tenha uma carreira e que possa compartilhar com você as experiências. Outra dica é procurar profissionais que estejam atuando em diferentes segmentos dentro da área que você pretende cursar, para conhecer melhor sobre o dia a dia de trabalho e as funções que desempenham.

Adapte as suas opções à própria realidade

De acordo com Thomas Lima, psicólogo e orientador profissional, é importante analisar os prós e contras das suas opções. Uma maneira de fazer isso é ir excluindo as áreas de menor interesse e deixar as duas principais. A partir daí, você pesquisa se os cursos são ofertados na sua cidade, como será o deslocamento até a faculdade, o tempo de duração da formação, além de estudar o investimento, buscando os valores das mensalidades e se há como cursar em universidades públicas, por exemplo. Assim, você consegue ter uma noção de qual opção se encaixará melhor com a sua realidade.

Procure orientação profissional

Muitos jovens não conseguem tomar essa decisão sozinhos, por isso, podem procurar ajuda na terapia de orientação vocacional com psicólogos que atuam nessa área. Adriana Souza, psicóloga e orientadora profissional, aconselha os adolescentes que estão com dificuldade na escolha da carreira a realizarem essa terapia, pois ela inclui questionários para avaliar a personalidade e sugerir profissões por meio do laudo da avaliação. Também há aplicação de testes mais diretos, com questões sobre o que o adolescente gosta de fazer e orientação para ajudá-los a analisar não somente o lado bom, mas também os “sacrifícios” da profissão. Além da escolha do curso, também é conversado sobre um planejamento a longo prazo, para ter uma visão de como lidar com o futuro no mercado de trabalho.