Você já fez terapia sem um psicólogo? O processo soa estranho sem um profissional especialista envolvido nele, concorda?
Com a carreira também é assim. Foi essa a conclusão de uma dissertação de mestrado, realizada na PUC-RS concluída neste ano. Segundo o estudo, o insight – que prevê tomar consciência e compreender os próprios sentimentos, comportamentos, escolhas e estratégias adotadas -, mais do que a reflexão sobre si, apresenta uma forte correlação com a empregabilidade. No entanto, o processo de pensar sobre si e de autoconhecimento é fundamental para a implantação da identidade profissional dos indivíduos e de seus consequentes projetos.
A autora do estudo, Daniela Boucinha, mestre em psicologia e desenvolvimento de carreira e coordenadora do escritório de carreira da PUC-RS, destaca que muitos dos profissionais que simplesmente buscavam uma recolocação via consultoria da universidade, não estavam dispostos a refletir, pois julgavam já saber o que queriam fazer de suas carreiras. “Esses profissionais queriam se capacitar melhor para os processos seletivos e saber em como enriquecer os seus currículos, buscando um diferencial frente aos seus concorrentes”. É onde a reflexão de carreira entra.
A pesquisa realizada com 181 participantes revela que 51% dos níveis de empregabilidade dos profissionais são explicados por insight, controle de construir a própria carreira, confiança em alcançar os objetivos profissionais no futuro, e decisão de carreira. Já quando apenas a reflexão sobre si e o insight são analisados, o número alcança 29% da variação dos níveis de empregabilidade geral.
De acordo com a consultora de carreira sênior da Produtive, Márcia Oliveira, os profissionais pensam em fazer o planejamento ou a reflexão de carreira quando estão na crise, impactados emocionalmente, ou quando estão desconfortáveis com o emprego atual e à procura de recolocação. “Nesse momento, a questão emocional pode comprometer a construção de insights. E a pessoa, sem o coaching de carreira, tem mais dificuldade de se distanciar do problema e até mesmo falar sobre ele”. A consultora explica que a tendência é que a pessoa se misture no que está vivendo, impedindo que ela encontre uma saída por si só.
Márcia destaca ainda que, à medida que o profissional tem a interlocução com um especialista de carreira, capaz de fazer os estímulos corretos, ele tem muito mais chances de obter os insights e conseguir fazer a autogestão da carreira com planos executáveis, baseados naquilo que o profissional tem interesse e competência para realizar. “Esse apoio fará com que ele se sinta mais satisfeito, seguro e feliz com sua a escolha”, conclui ela.