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Por que 74% dos líderes acham a Geração Z a mais ‘desafiadora’ de se trabalhar

Estudo com 1 mil gerentes nos Estados Unidos mostrou que líderes apontam a falta de habilidades tecnológicas, de motivação e engajamento como principais motivos que tornam difícil lidar com os jovens

No começo dos anos 2010 eram os millennials que estampavam capas de revistas e ganhavam a pecha de “mimados e narcistas”. Agora, é a vez dos seus sucessores, os jovens da Geração Z, protagonizarem a batalha de gerações no ambiente de trabalho.

Pelo menos é isso que mostra uma pesquisa da plataforma de currículos ResumeBuilder.com que apontou que 74% dos líderes americanos acreditam que a geração Z, de jovens nascidos entre 1997 e 2012, é a mais difícil de se trabalhar em comparação com profissionais de outras idades.

O estudo, que ouviu 1 mil gerentes e líderes empresariais nos Estados Unidos, apontou que entre os motivos que tornam os GenZ mais desafiadores segundo os líderes está: a falta de habilidades tecnológicas (39%), a falta de motivação (37%) e o desengajamento (37%).

Por que os líderes acham a Geração Z a mais difícil

Líderes preferem contratar Millennials
Dos entrevistados que acham os GenZ mais difíceis de se trabalhar, 34% disseram que preferem ter como colegas de trabalho os Millennials, outros 30% disseram que preferem trabalhar com a GenX e 4% preferem os Baby Boomers.

Entre os motivos que levam a preferência pela Geração Y está o fato de que eles são mais produtivos (44%) e possuem as melhores habilidades tecnológicas (42%). Já entre os líderes que optam por trabalhar com os GenX apontam a maior honestidade (46%) e produtividade (42%) como razões para a escolha.

O conflito de gerações se reflete na rotatividade dos trabalhadores da Geração Z dentro das empresas. Entre todos os respondentes, 19% afirmaram que acham muito mais comum demitir profissionais dessa faixa etária. Outros 46% dizem que é um pouco mais comum.

Muitas vezes a demissão ocorre antes mesmo do tempo de experiência: 20% dos líderes demitiram um funcionário da Geração Z uma semana após a contratação e 27% dentro de um mês.

Como lidar com a Geração Z no ambiente de trabalho
A resistência dos gestores à mudança que cada geração traz ao entrar no mercado de trabalho é natural — e essa não será a primeira nem a última vez que líderes reclamam da postura dos profissionais mais jovens. Porém, o contexto do ambiente de trabalho dos últimos anos traz alguns fatores que tornam o conflito de gerações atual mais pronunciado.

“Os GenZ entram no mercado com um olhar mais profundo sobre propósito, uma renúncia ao estresse e cobranças excessivas no ambiente de trabalho. Fora isso, demandam mais qualidade nas relações e mais conversas de carreira”, diz Rafael Souto, CEO da consultoria Produtive.

“Só que isso em um contexto em que as lideranças estão sofrendo com estruturas mais enxutas e se sentindo sobrecarregadas, sem conseguir dedicar o tempo necessário para esses rituais de gestão”, afirma.

O especialista aponta que, apesar de difícil, é mais produtivo que os líderes tentem quebrar os estereótipos sobre os jovens e busquem maneiras de lidar com essas diferenças ao invés de reclamar ou demitir na primeira interação conflituosa.

“Essa parcela da população, em breve, será a maior parte da força de trabalho. Por isso, os líderes não podem ficar nessa postura reativa. A pesquisa mostra que os gestores estão rotulando esses jovens ao invés de procurar lidar com essa questão e com o novo olhar que eles trazem para o mercado de trabalho”, diz.

Além da comunicação, o excesso de autoconfiança dos jovens é apontado por alguns como um fator de conflito no ambiente de trabalho.

“Já briguei mais de uma vez com um funcionário da Geração Z, porque como nossa empresa é online, eles acham que sabem tudo sobre o mundo digital e que podem me ensinar. Eles pensam que são melhores do que você, mais espertos do que você, mais capazes do que você, e vão falar isso na sua cara”, declarou Akpan Ukeme, líder de RH da empresa de entregas SGK Global Shipping Services para o site da ResumeBuilder.com.

Porém, Rafael comenta que, por mais irritante que seja lidar com esse tipo de atitude é, justamente, nessas horas que gestores devem se lembrar de que o seu papel é contribuir com a formação dos profissionais e oferecer os feedbacks necessários para que eles aperfeiçoem esses comportamentos.

“É algo típico esse excesso de autoconfiança nos jovens. Eles acreditam que dominam todos os temas, que vão ser CEOs daqui a pouco. Essa falta de noção faz parte da ingenuidade característica da idade. O líder, então, precisa assumir um papel de conselheiro e mostrar que a vida corporativa não é bem assim”, afirma.

Por fim, é importante que as empresas e os RHs também estimulem momentos de trocas entre líderes e liderados, como fóruns ou mentorias, para aumentar a conexão entre eles e diminuir preconceitos. Além disso forneça ferramentas para os gestores se prepararem para lidar com a nova geração e condições para que líderes possam reservar momentos para conversas frequentes com eles.

“É importante que os líderes se voltem para a personalização e deixem de lado os rótulos e ideias pré-concebidas porque mesmo entre os jovens haverá necessidades diferentes. A diversidade está em entender que cada indivíduo é único, seja ele da Geração Z ou não”, finaliza Rafael.

Como ser chefe da Geração Z? Veja dicas de especialistas

Menos e-mails e mais feedback. Entenda como é liderar equipes com jovens da geração Z

Há dois anos atrás, Daniel Pedrino, presidente da Faculdade Descomplica Digital, se surpreendeu quando descobriu que seus funcionários estavam fazendo a reunião de produtos de tecnologia dentro de um videogame online.

“Eu quis saber o que raios era aquilo. Reunião dentro do videogame? Aí eu comprei para ver o que era e experimentar. Se tem uma coisa que acho incrível da nova geração é que eles te puxam e trocam conhecimento”, diz.

Esse é um dos diversos exemplos que Pedrino conta que tem aprendido como um líder dentro de uma empresa cuja equipe é majoritariamente composta por membros das gerações Z e Y. Juntando as duas gerações, elas representam 87% da empresa. Se for considerar apenas o público com até 30 anos, o número cai para 65%. Mas os jovens ainda são maioria.

São considerados membros da geração Z aqueles nascidos após 1995. Já a geração Y, os millennials, são aqueles que hoje tem entre 25 a 34 anos de idade.

Segundo o relatório de tendências para o futuro do trabalho da consultoria ManpowerGroup, o encontro de quatro gerações dentro das empresas é um dos grandes impactos disruptivos que o mercado vai sofrer nos próximos anos.

O que quer a geração Z?

De acordo com a consultoria, as duas gerações são marcadas por algumas características distintas:

  • Geração Y: buscam por mais flexibilidade, querem aprendizado constante e pensam na carreira em ondas
  • Geração Z: se preocupa mais com dinheiro, busca desenvolvimento de carreira e valorizam o desenvolvimento de competências

Essas são características que Pedrino vê constantemente no seu dia a dia de trabalho. Além das novidades tecnológicas que a geração mais digital traz, ele aponta que vê os funcionários muito preocupados com feedback constante e mentoria.

“É uma geração ávida a crescer, eles querem trabalhar e fazer coisas novas, querem ser protagonistas da mudança. E eles gostam de criar vínculos e ter senso de pertencimento. No passado, a gente torcia para o chefe não convidar pro happy hour, eles cobram pra gente organizar algo juntos”, afirma.

Um ponto de atenção para o líder é: após pedidos de feedback constantes, geralmente vem a ansiedade para a promoção. E essa geralmente não vem na velocidade e periodicidade almejada.

“Você tem que mostrar que o caminho está positivo, mas pedir calma. Como gestor, se você não comunica de maneira correta, pode criar uma empolgação por causa do feedback positivo e depois frustrar a pessoa”, diz.

Como ser líder da Geração Z

Ao pensar em traços comuns da geração, Rafael Souto, CEO da Produtive, destaca a necessidade de dialogar e a tolerância mais baixa para imposição.

“Eles também são nativos digitais, e não imigrantes, então é normal para eles trabalhar com plataformas e dispositivos distintos”, afirma.

Para ele, a nova geração é a expressão máxima do novo mundo: gostam das coisas rápidas, são mais ansiosos por resultados e gostam de ter visibilidade do ciclo de carreira.

“O líder tem que saber mostrar esse ciclo ótimo de carreira para o jovem. Depois, precisa investir mais tempo em conversas, pois eles querem debater, entender o que estão fazendo e saber se estão indo bem. E o próprio líder precisa estar aberto para aprender o novo olhar do mundo que entra agora no mercado”, diz.

O presidente da Faculdade Descomplica Digital reforça que a personalização é importante no ambiente com diversas gerações.

“Eles podem ver e-mails como coisa do passado, mas aí entra meu trabalho como mentor para falar sobre como uma mensagem pode perder o tom. Do outro lado, temos um diretor de 55 anos e para ele o e-mail é a principal ferramenta. As vezes ele manda um e-mail com todo mundo em cópia e é meu trabalho replicar no Slack”, diz Pedrino.

O que a geração Z acha “cringe” nas entrevistas de emprego

A consultoria PageGroup verificou que situações em processos seletivos são “cringe” para os mais jovens, o termo que ficou popular na boca dos jovens e que significa quando algo é vergonhoso.

A geração Z não quer saber de responder sobre questões pessoais que abordam como suas famílias são formadas e acham o cúmulo precisar levar um currículo impresso a uma entrevista.

Na lista do PageGroup sobre o que é cringe no recrutamento, estão alguns outros pontos. Veja mais abaixo:

  • Levar currículo impresso e/ou preencher um formulário longo em papel;
  • ter muitas etapas no processo seletivo;
  • sobre a composição familiar. Qual o seu estado civil? Se você pretende ter filhos, em quanto tempo?;
  • entrevista presencial em tempos de pandemia;
  • perguntar aleatórias: sobre o seu signo, se você fosse um animal qual seria;
  • o que você planeja para sua carreira daqui 10 anos?;
  • pedir experiência comprovada para processo de estágio.

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Fonte: Exame

4 lições de liderança testadas por Abel Ferreira no Palmeiras

Vice-campeão do mundo e campeão paulista, o Palmeiras passou a ser um dos times mais estudados por adversários — mas também deveria ser inspiração para gestores.

Liderado por Abel Ferreira, o Palmeiras é considerado um dos melhores — se não o melhor — time do Brasil na atualidade. Desde a chegada do técnico português, no final de 2020, o time foi campeão cinco vezes.

No último final de semana, o Palmeiras venceu o São Paulo por 4 a 0, no Allianz Parque, no jogo de volta da final do Campeonato Paulista, e levantou a taça estadual pela 24ª vez. Além disso, o Palmeiras de Abel Ferreira foi campeão da Copa do Brasil (2020), da Recopa Sul-Americana (2022), e ganhou duas Libertadores consecutivas (2020 e 2021).

Abel Ferreira pode ser considerado um bom exemplo de liderança? Para Rafael Souto, fundador e CEO da consultoria de carreira Produtive, o treinador alviverde reúne características de um líder contemporâneo. Para o especialista, líderes deveriam dedicar mais tempo em conversas inspiradoras com seus times e conectá-las ao propósito da empresa.

Segurança psicológica

Segurança gera confiança. Para criar um time campeão é necessário que os integrantes acreditem genuinamente nas decisões tomadas pelo líder.

“Um líder que não tem confiança do grupo não consegue ter liberdade, presença, não consegue se conectar com o grupo”, afirmou Rafael Souto.

Em um ambiente sem segurança psicológica, feedback negativo vira uma cobrança vazia e sem valor.

O atual técnico do Palmeiras, que renovou seu contrato por mais dois anos, consegue passar confiança, motivação e segurança para o elenco.

O livro ‘Cabeça fria, coração quente’, publicado neste ano, conta bastidores das conquistas do Palmeiras nas temporadas de 2020 e 2021. Em um trecho, Abel destaca a importância do coletivo e da mentalidade vencedora.

“Meu orgulho é ver que os jogadores estão comprometidos. Estão dando o melhor em cada jogo. A grande diferença é a mentalidade e a cultura de vitórias. Eles se desafiam diariamente e isso se reflete no treino e no jogo”, disse Abel.

Growth Mindset

No modelo mental de crescimento, conhecido como growth mindset, o desafio é visto como uma oportunidade.

Dois exemplos mostram isso na liderança de Abel Ferreira. O primeiro foi o mundial de 2020, onde o Palmeiras ficou em quarto lugar. Naquele momento, todo trabalho construído até ali poderia ter sido descartado, mas não foi. Para Rafael Souto, Abel conseguiu manter o grupo unido e aquela derrota foi vista como oportunidade de aprendizado.

“O time não desmoronou, ele conseguiu ver os erros, corrigi-los e buscar o próximo objetivo”, explicou.

Sobre o Mundial de Clubes, o atacante Rony disse que a equipe estava feliz por participar e que eles estavam saindo da competição de cabeça erguida. “Vamos fazer uma grande temporada na Libertadores para poder jogar o Mundial novamente”, disse.

Outro exemplo foi a recente final do Campeonato Paulista. No primeiro jogo, o Palmeiras perdeu de 3×1, o que para muitos significava o vice-campeonato.

“O mindset de crescimento vê o desafio, o obstáculo, como algo a ser superado. O Palmeiras conseguiu reverter o resultado ruim do primeiro jogo, algo que seria impossível para muitas equipes”, afirma Souto.

Fonte: Exame