O CEO da Produtive fala sobre a escolha de escolas que oferecem cursos rápidos no exterior e das vantagens de estudar fora ao Valor Econômico.
Estudar em Harvard, nos Estados Unidos, sempre foi o sonho do executivo Leandro Bertoni. E esse projeto se concretizou neste ano. Com 40 anos de idade e ocupando o cargo de gerente geral da unidade de subestações da multinacional ABB, ele tirou uma semana para se aperfeiçoar na instituição que sempre aparece nas primeiras posições dos mais relevantes rankings de escolas de negócios. “Por muito tempo foi um sonho inalcançável”, diz o executivo, formado em engenharia elétrica pelo Mackenzie e com dois MBAs no currículo, um na Fundação Getulio Vargas (FGV) e outro na FIA.
Em posição de liderança na empresa atual, Bertoni não conseguiria fazer um curso de longa duração no exterior. Por isso optou por um programa curto, focado em estratégia de negócios. “Escolhi Harvard porque tem um método baseado em estudos de caso, passa rapidamente pela teoria e estimula o raciocínio dos alunos para a resolução de problemas”, comenta.
Escolher bem a escola é algo importante, avalia Rafael Souto, CEO da Produtive, consultoria especializada em transição de carreira. “Além de olhar para as instituições de primeira linha, é importante pesquisar a referência da escola na área de estudo do curso que se quer fazer”, afirma, com uma ressalva. “Uma escola média, que não esteja nas primeiras posições dos rankings, pode valer a pena se ela tiver consistência naquela área”.
O coach Andre Freire, sócio-diretor da consultoria de recrutamento Exec, afirma que uma escola de primeira linha traz peso ao currículo do executivo, mesmo que o curso seja de curta duração. “Soa muito bem para o recrutador, porque reflete uma pessoa que busca se reciclar”, diz. Para ele, ao optar por um curso fora, o profissional ganha a oportunidade de ter aulas com professores renomados, além de ter a possibilidade de fazer um networking global.
A diversidade cultural foi um dos aspectos que mais chamaram a atenção de Flavio Stecca, diretor de tecnologia da Movile, quando saiu do Brasil para se atualizar. Depois de fazer um mestrado e um MBA no Brasil – o primeiro pela Unicamp e o segundo pela FGV -, ele cursou três programas nos Estados Unidos, sendo que o mais recente foi este ano, em Stanford, na Califórnia.
Antes disso fez cursos rápidos no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e em Harvard. “O Brasil também tem grandes escolas, mas fora do país você vê mais diversidade nas turmas”, diz.
Quando foi para Stanford em julho deste ano, Stecca ficou duas semanas envolvido em um curso focado em três pilares: gente, liderança e estratégia. A turma se reunia às 6h e as aulas só terminavam às 21h.
Não há números sobre a quantidade de executivos que vão ao exterior para fazer cursos de curta duração, mas Souto, da Produtive, tem sua percepção. “Vejo que aumentou a procura das pessoas por cursos rápidos fora do país pela necessidade de estar em contato com o que está sendo desenvolvido no mundo”, diz ele.
Freire, da Exec, diz que o perfil mais comum em cursos de curta duração é semelhante ao de Bertoni e de Stecca, citados nesta reportagem. “São pessoas que já têm uma formação sólida, como um MBA muitas vezes, e chegam a um ponto da carreira em que precisam de reciclagem, para entender novas ferramentas e metodologias diferenciadas”, diz.
A opção pelos cursos curtos se dá porque esses programas atendem as necessidades de aquisição de conhecimento nessa etapa da carreira, além de serem de execução mais fácil.