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Por que as avaliações de desempenho estão em xeque

Em novo artigo para a Você RH, Rafael Souto, CEO da Produtive, fala da importância do feedback realizado de forma constante, como uma maneira de fortalecer o desenvolvimento.

Uma discussão que vem ganhando força nas organizações é sobre os modelos tradicionais de avaliação de desempenho. A necessidade de transformação dos sistemas anuais de análise de resultados é inquestionável. Mas, esperar um ano para discussão de performance e pontos de desenvolvimento para corrigir rotas é lento e ultrapassado.

A visão mais contemporânea é que esse acompanhamento deve ser frequente. O famoso “feedback” deve ser dado a todo o tempo para favorecer aprendizado constante e possibilidade imediata de refletir e agir.

Para isso, algumas empresas construíram metodologias e aplicativos que ajudam na interação diária entre gestor e equipe. Não há dúvidas sobre os ganhos dessa aproximação dos líderes e colaboradores, no entanto, tenho observado que a discussão segue baseada em eventos passados e geram pouco espaço para discussão do futuro profissional. Faltam olhar e foco para descobrir interesses de carreira e os caminhos para desenvolvimento profissional.

As empresas vêm modernizando a abordagem, mas o foco ainda está nos comportamentos passados e na entrega de metas.

Recente estudo da consultoria global Gartner mostra que a ausência de discussão sobre futuro na empresa é o principal fator de perda de talentos. Dos entrevistados, 52% afirmam que deixaram a última empresa por não perceberem oportunidades de carreira.

É evidente que não ter um horizonte profissional é fator de risco de perda de profissionais. Mas, se isso é tão importante, por que falamos tão pouco sobre carreira nas empresas?

Entendo que essa dificuldade está centrada em dois aspectos. De um lado, encontramos líderes com medo dessa abordagem sobre o futuro porque, como as estruturas são enxutas e não oferecem muito crescimento linear, eles têm receio de dialogar e não poder oferecer nada ou ainda gerar uma falsa promessa.

Já do outro lado, temos colaboradores com baixo protagonismo de carreira e que esperam um plano de carreira oferecido pela empresa. Agem como consumidores organizacionais esperando que alguém entregue um projeto para eles.

Líderes assustados e equipes dependentes geram esse distanciamento e um tabu para dialogar sobre carreira. Por isso, precisamos transformar esse modelo e apostar em espaços frequentes para conversar sobre expectativas e interesses profissionais. Criar um momento para falar do futuro produz informações valiosas para empresa. A tomada de decisão é estabelecida no mix entre interesses do indivíduo e projeto empresarial. Quanto melhor for esse equilíbrio, teremos pessoas mais satisfeitas e produtivas no trabalho.

O pesquisador Wilmar Shaufelli afirma, em seu recente trabalho de doutorado, que empresas com métodos estruturados para diálogar sobre carreira aumentam em três vezes o nível de engajamento. As pessoas se sentem mais cuidadas e próximas de seus líderes. A empresa passa a tomar decisões sem inferir o que é melhor para os outros, e sim, ouvindo e dialogando sobre as melhores estratégias de carreira e do negócio.

O futuro do trabalho exige que tenhamos discussões permanentes sobre interesses e pontos de desenvolvimento. É preciso empenhar mais tempo no futuro e menos energia nas cansativas e pouco produtivas avaliações de desempenho.

Infelizmente, as empresas que insistirem nos métodos de comando e controle, com pouco diálogo e avaliações baseadas no retrovisor, seguirão reclamando da falta de talentos no mercado.