Onda de demissões evidencia caráter estratégico e crítico do RH contemporâneo


Pressionada por transformações cada vez mais rápidas na dinâmica de gestão de pessoas, a área de RH vive um paradoxo. Com carreiras integrando a lista de cargos mais requisitados, profissionais de recursos humanos são alguns dos mais afetados pelas recentes demissões em massa.

O departamento de recursos humanos da gigante Amazon, por exemplo, foi massivamente afetado pelo corte que, ao todo, atingiu 18 mil funcionários da companhia. Em janeiro, os profissionais de todas a áreas, inclusive do RH, começaram a receber e-mails com a notícia de que “infelizmente, a sua função foi eliminada”.

A empresa fundada por Jeff Bezos não foi a única Big Tech a se reajustar. Com cenário econômico incerto e a necessidade massiva de corte de custos, ainda no fim de 2022, Meta e Twitter já haviam dispensado outros milhares de profissionais. Se somados, os demitidos nos últimos meses passam de 150 mil e a onda de reestruturações também engole startups em todo mundo.

Se em todos os casos profissionais de RH estão entre os demitidos, o que explicaria a presença de funções de gerentes de análise de recursos humanos, diversidade, benefícios e experiência do funcionário na lista de carreiras promissoras para este mesmo ano de 2023? Segundo o levantamento, elaborado pelo LinkedIn, das 25 profissões mais demandadas nos Estados Unidos, seis estão ligadas à gestão de pessoas.

Na esteira desses números, uma pesquisa realizada pela Think Work Lab revela a sensação de apagão de talentos na área. Mais de um terço (34%) dos entrevistados acreditam que faltam profissionais qualificados na área de RH.

De fato, as transformações no jeito de contratar, desenvolver, formar e reter talentos geram um sentimento de urgência nas organizações. O sintoma mais evidente dessa inquietude é o turnover na área de recursos humanos.

O aparente descompasso prova o caráter estratégico e crítico do tema. Muitas empresas ficam mudando seus RHs, em vez de mudar velhas práticas de negócio que justamente impedem o desenvolvimento e a retenção de talentos, tidos como um dos maiores desafios das companhias. Líderes sem agenda para pessoas e gerentes soterrados pela operação não têm espaço para falar sobre gestão de carreira, um dos fundamentos da liderança inspiradora contemporânea.  Sem diálogo de carreira, o engajamento cai e os talentos vão embora.

Responsabilizado pelo aumento do turnover, o RH paga um pênalti que, na maior parte das vezes, não cavou. Para evitar isso, é preciso buscar causas (em vez de tratar sintomas) e forçar a reflexão na organização. Tenho defendido a tese de que o mundo corporativo quer do profissional RH é coragem para articular mudanças culturais profundas. Habilidades de gestão de carreira são mandatórias para líderes de todas as áreas. Além de tempo de agenda, a prática necessita de formação e treinamento dos líderes para o diálogo de carreira.

Além do papel de articulador, é preciso estar em sintonia com as intensas transformações tecnológicas da área de RH. Basta retornar à lista de carreiras que mais crescem em demanda para perceber a forte presença de competências ligadas a people analytics nas funções de RH.

Conhecimentos sobre implementação de sistemas de gestão de recursos humanos eficientes e a utilização de análise de dados para tomar decisões estratégicas têm sido cada vez mais solicitados nos descritivos de oportunidades no mercado de RH. O sucesso pertence àqueles mais atentos ao gap de oportunidades e às zonas de transformação da área.

Uma carreira competitiva pressupõe a leitura de mudanças, ajuste de rotas e atualização constante. Esse é o único antídoto contra a obsolescência em qualquer carreira, e com o RH não é diferente. O que cada um deve fazer é essa pesquisa inquieta sobre as transformações e tendências na área.

O alerta ao gap de oportunidade, ou seja, à diferença entre o que o mercado exige e o profissional dispõe, é um chamado ao lifelong learning, o necessário aprendizado para vida toda. Muito embora o e-mail de demissão enviado aos funcionários da Amazon informe que a respectiva função do profissional tenha sido eliminada, a verdade é que carreiras não desaparecem, elas se transformam.

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