NEWSLETTER CARREIRA EM DEBATE – SETEMBRO 2014
Ponto de vista
Divulgamos recentemente um estudo que conduzimos sobre a relação do avanço de capacitação com o nível de remuneração. O objetivo era mensurar o impacto de um ou mais cursos de especialização ”lato sensu” e do mestrado e doutorado no salário de um executivo. O resultado: cada vez mais as empresas têm visto com bons solhos os profissionais que detêm esses títulos.
Essa valorização a mestres e doutores é muito comum nos Estados Unidos e no Japão, com os projetos de inovação nesses países sendo desenvolvidos em parceria por aqui, ainda é um fenômeno relativamente recente, mas que certamente tende a ganhar força.
Na newsletter Carreira em Debate deste mês apresentamos os dados do levantamento e trazemos uma interessante análise do mercado sobre o tema: Paulo Coutinho Jr., sócio da SHR Solutions, destaca os cuidados que devem ser observados para que os títulos de fato impulsionem o desenvolvimento da carreira.
Uma ótima leitura!
Rafael Souto
CEO da Produtive
Pós-Graduação virou commodity
Estudo da Produtive revela avanço na capacitação dos executivos e a relação direta com o nível de remuneração
Com base em uma amostra de cerca de 400 executivos recolocados pela Produtive – Carreira e Conexões com o Mercado nos primeiros sete meses desde ano e de 2013, a consultoria elaborou um levantamento que revelou o nível de capacitação dos profissionais das regiões sul e sudeste e a relação com as remunerações.
Nos anos 80, o diferencial era ser graduado. Na década de 90, sobressaía no mercado quem tinha uma especialização. Desde então, a educação executiva não parou de evoluir. Hoje, o diferencial é ter o mestrado e, em algumas posições, o doutorado passou a ser valorizado na hora da seleção para uma vaga. “A pós-graduação, para o nível executivo, virou um commodity. Para aumentar a trabalhabilidade, ou seja, a capacidade de se engajar e, diferentes trabalhos, as pessoas perceberam que precisam investir em pós-graduações mais avançadas”, analisa Eafael Souto, CEO da Produtive.
O estudo da consultoria apontou que apenas 23% doa profissionais são apenas graduados. A grande maioria (68%) tem uma ou mais pós-graduações. Já aqueles que exibem os títulos de mestre e doutor representam 9% da amostra. Na análise das remunerações desses executivos, verificou-se uma relação direta. No primeiro nível de capacitação (até a graduação) a remuneração média foi de R$ 5.812. O grupo com uma pós-graduação apresentou uma média de R$9.306 de salário. Aqueles com mais de uma pós-graduação obtiveram a média de R$12.801. E o grupo no topo do nível de capacitação (mestrado e doutorado) atingiu a remuneração média de R$ 13.804.
Quem fez essa “escalada” no nível de capacitação chegando a um mestrado ou doutorado, criou um plano B de carreira. A possibilidade de gerar renda por meio de um trabalho como professor universitário tem atraído muitos executivos. “Entendemos que a carreira acadêmica é compatível com a executiva. É possível dar aula part time e, ainda assim, ocupar uma boa posição em uma companhia”, pondera Souto.
De fato, as empresas começaram a valorizar mais a integração entre a experiência prática e os estudos acadêmicos. Antigamente, as organizações achavam que o profissional estava “perdendo” tempo quando retornava à sala de aula. Nesta visão, tais horas estavam sendo “desviadas” da dedicação ao trabalho. Contemporaneamente, as companhias entenderam que, para aumentar a sua competitividade, necessitam de profissionais diferenciados, que seguem se atualizando. Muitas empresas incentivam os seus executivos e até bancam os estudos ou parte deles. “Há um amadurecimento de ambos os lados. Os profissionais, preocupados em gerir da melhor forma sua carreira, buscam diferenciações por meio de capacitações mais avançadas. Já as empresas passaram a valorizar não apenas a prática e a técnica, mas também a vida acadêmica e até a pesquisa. Claro, ainda há um distanciamento entre as organizações as universidades. Mas isso tem melhorado ano a ano”, conclui Souto.
Paulo Coutinho Jr.
Sócio da SHR
Acho muito importante que o profissional se preocupe em fazer um segundo ou terceiro curso após a graduação. Alguns pontos, contudo, devem ser levados em consideração antes dessa decisão, como verificar qual é o melhor curso para a sua capacitação – pensando em seu desenvolvimento de carreira -, avaliar se a instituição tem credibilidade no mercado de trabalho e entender se é realmente o melhor momento para realizar aquele curso. Eu coloco nessas questões porque, durante todos esses anos em que atuo em executive search, já excluí de processos seletivos muitos executivos que profissionais de média gerencia por não terem fluência em um segundo idioma, principalmente o inglês, mas dificilmente excluí um profissional por não ter uma pós-graduação ou um mestrado. Por isso é importante entender se aquele é realmente o momento de se fazer aquela pós-graduação ou o mestrado e avaliar se a instituição é realmente renomada, o que irá conferir credibilidade para impulsionar a carreira.