NEWSLETTER CARREIRA EM DEBATE – FEVEREIRO 2017
O tema virou febre há alguns anos. Afinal, a conquista de uma boa rede de relacionamento é fundamental para qualquer profissional. Mas, até que ponto as pessoas sabem fazer networking?
Conversamos com o conselheiro de carreiras na Produtive, Marcos Minoru, que também é professor da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) e possui mais de 20 anos de experiência na área de recursos humanos em companhias como Toyota, Deloitte, Bombril e Ikesaki, para eleger os cinco erros fatais no networking.
Minoru explica que é um tema que apaixona, mas ainda não tem um tratamento acadêmico adequado. “Há muitos textos sobre o assunto, mas é importante ter o entendimento real do que é o networking e como deve ser feito. Algumas pessoas têm dificuldades em fazer essa socialização, outras já possuem mais desenvoltura, no entanto, ambos perfis precisam estar atentos para não errarem na medida”.
Vamos lá?
1-Abordagem Adequada
Entender que networking é só para procurar empregos. O erro é comum porque o conceito é aplicado de forma equivocada. “As pessoas associam a sua rede a emprego e, quando estão desempregadas, dizem que vão “ativar” esses relacionamentos. Nessa tentativa de aproximação, muitas delas relatam que o contato sabe que o motivo é a procura de emprego, resultando no efeito chicote: afugentando ao invés de aproximar”, afirma Minoru. Nesses casos, ele esclarece que depende da forma como o profissional se aproxima da pessoa. Existem técnicas que ajudam a fazer a abordagem adequada para não haver distorções de intenções e gerar um rompimento de relações. “São segredos de um networking efetivo”.
2-Cabeça virtual
Engana-se quem acredita que o networking é para ser feito somente por mídias digitais. A utilização de ferramentas digitais, como o LinkedIn, facilita essas relações, mas não é só por esse caminho que o profissional deve seguir. “A plataforma propicia o início desse networking, é um “abridor de portas”, no entanto, é fundamental que o profissional potencialize esse relacionamento pessoalmente, gastando a sola do sapato e pagando cafezinhos”, destaca o conselheiro de carreira da Produtive. Ele esclarece que esses recursos digitais são importantes para fazer ou continuar mantendo contato com pessoas que estão em outros estados ou país, por exemplo. Minoru indica que o caminho inverso também aconteça. “É importante que, ao se conhecerem pessoalmente, os profissionais se conectem no LinkedIn a fim de evitarem a perda de contato”.
3-Reciprocidade e altruísmo
Ficar na posição de pedinte é contra os princípios do networking. E ajudar somente quando o profissional tem algo a oferecer também é um caminho fora da curva. Apesar de poder usar os relacionamentos com foco e direcionamento, o profissional deve se ajudar independentemente do cargo que o outro contato tem no momento e sair da visão míope, prestando “socorro” apenas para quem pode gerar algum retorno para ele. A prática é oposta: ajudar as pessoas em qualquer instância. “É o conceito de que a roda gira. Você ajuda uma pessoa que vai ajudar outra e assim por diante. O importante é estar disposto a ajudar. Não é um “toma lá dá cá”, ou seja, vou fazer isso para você porque sei que vou ter algo em troca. Não é porque o contato é um diretor que é ele quem vai te ajudar. A pessoa pode ter o poder, mas não tem a vontade de fazer. De repente, é o assistente dele quem indica ou influência as decisões desse diretor”, afirma Minoru.
5-Fazer pré-seleção
Não é porque um contato deixou de ser diretor e está desempregado, que você vai negligenciá-lo e não querer mais se relacionar. As pessoas costumam focar somente no que é interessante para elas. Ir a eventos que só têm profissionais com o mesmo cargo e interesses, por exemplo, ou não querer se relacionar com pessoas de nível “inferior”, fecha fronteiras. “Pode ser que quando um diretor participe de um evento que não está diretamente relacionado ao seu cargo ou a temas de sua área, encontre um colaborador do qual estava precisando para a equipe”, relata o executivo. “Conheço um profissional que conseguiu o seu primeiro emprego por intermédio de um funcionário da limpeza de um escritório de advocacia”.
5- Credibilidade
Não despender tempo para elaborar uma página adequada nas mídias digitais afasta possíveis conexões. O profissional precisa ter boas referências, a começar por um perfil no LinkedIn alinhado com o histórico acadêmico, habilidades construídas nas empresas pelas quais passou, propósito de vida, ter foto com boa resolução e adequada para o ambiente, recomendações etc. É por lá que as pessoas vão procurá-lo para avaliar a sua reputação. Esse alinhamento é um dos pontos que vai fazer com que conexões desconhecidas analisem e decidam se vão se relacionar com outras. “Ouço pessoas dizerem que recebem convites de contatos desconhecidos e ficam na dúvida se devem aceitar ou não. Se o profissional ver que é um perfil crível, deve se conectar a ele”, alerta Minoru, que também diz que, independente do cargo que a pessoa possui, é importante ter um perfil ativo na mídia. “Não é só isso que salva a carreira, mas é um meio importante para mostrar a sua credibilidade e histórico para o mercado”.