Mercado para executivos dá leve sinal de melhora, diz estudo
Levantamento da Produtive referente às movimentações do primeiro semestre aponta para uma reação do mercado. Confira em matéria veiculada nesta segunda-feira, 29, em EXAME.com:
Claudia Gasparini, de EXAME.com:
Um novo estudo da consultoria Produtive sugere que o mercado de trabalho para executivos começa a dar os primeiros sinais de melhora em meio à grave crise econômica instalada no país.
Segundo o levantamento, houve avanço de quase 19% nas posições abertas no primeiro semestre de 2016, em contraste com as vagas oferecidas nos primeiros seis meses de 2015.
Na comparação, o número de oportunidades saltou de 1.751 para 2.077. O mapeamento se restringe a cargos executivos de média e alta gestão nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.
Para Rafael Souto, CEO da consultoria responsável pela pesquisa, é cedo para falar em reaquecimento do mercado. Ainda assim, os dados mostram um movimento pequeno, porém interessante por parte dos empregadores.
“Ainda que os indicadores econômicos continuem muito ruins, o humor das empresas começa a melhorar”, explica ele. “A sensação de fundo do poço está cedendo espaço para previsões mais otimistas para 2017, o que dá novo fôlego para contratações”.
O especialista ressalta, porém, que os salários dos executivos contratados nessa “onda de otimismo” estão mais baixos. Em média, há uma queda de 16% na remuneração dos executivos que conseguem uma recolocação.
O levantamento aponta para uma realidade que apenas começa a se delinear. De acordo com a Produtive, os resultados positivos apareceram sobretudo no 2º trimestre de 2016.
Ainda assim, em dois anos de medição, esta é a primeira vez em que as oportunidades para executivos entram numa curva levemente ascendente.
“A melhora da perspectiva econômica com as recentes movimentações pelas quais o país passou sinaliza que as empresas estão apostando num novo cenário”, diz Souto.
Áreas
A principal evidência da tímida reação à crise, diz Souto, é o aumento de 16% no número de vagas de nível intermediário em marketing e vendas. “Com a crise, as empresas cortaram muitas posições nessa área”, explica. “Agora, estão voltando a contratar vendedores, um movimento necessário para retomar o crescimento”.
Para o presidente da Produtive, algumas companhias decidiram apostar em pessoal agora para colher resultados no ano que vem. “Elas não acreditam no segundo semestre de 2016, mas estão olhando a longo prazo, com a previsão de crescimento do PIB em 2017”, diz ele.
Em finanças, houve aumento de 14% no número de posições de alta gestão e 31% de crescimento nas vagas intermediárias. Não seria um mero reflexo da crise, já que o departamento costuma executar medidas como cortes e reestruturações? Sim, mas não apenas por isso, responde Souto.
“Apesar de muitas vagas em finanças ainda estarem ligadas à própria recessão, há uma mudança qualitativa no discurso dos recrutadores”, explica. “Hoje eles não falam só em ‘corte’ ou ‘enxugamento’, eles querem alguém para alavancar indicadores, capaz de levar o negócio para frente”.
Já o departamento de recursos humanos registrou aumento de 62% na contratação para posições de média gerência. “Os executivos de RH estão sendo contratados sobretudo para reverter a queda no engajamento e na produtividade dos funcionários por causa da crise”, afirma Souto. “As empresas querem ter uma equipe treinada e motivada quando a economia voltar a crescer”.
Na área jurídica, as oportunidades para alta gestão tiveram aumento de 44%. Um dos motivos é o fato de que a área participa diretamente das reestruturações, frequentes em meio à crise. Porém, os dados também podem refletir uma tendência no mercado de direito empresarial dos últimos 5 anos: a reversão de uma onda de terceirizações nas empresas.
“As empresas perceberam que não é uma boa ideia terceirizar o cérebro jurídico, porque isso cria uma relação de dependência muito grande com os escritórios, e afasta as decisões dos objetivos de negócio”, explica Souto. “Por isso, voltaram a internalizar o departamento e contratar gestores”.
As oportunidades na indústria, por outro lado, continuam em baixa. As contratações para alta gestão tiveram queda no período analisado pelo estudo da Produtive, e as perspectivas para o próximo semestre continuam desanimadoras.