A batalha de Gaugamela e os movimentos de carreira


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Artigo de Rafael Souto, CEO da Produtive, publicado na edição desta quinta-feira, 22, em sua coluna Novas Conexões, no Valor Econômico:

Por Rafael Souto

Em 331 A.C, Alexandre, rei da Macedônia, realizou um feito que marcou a história da humanidade. Na famosa batalha de Gaugamela, Alexandre derrotou Dario III, líder Persa. Com a vitória, conquistou grande parte do mundo conhecido na época.

Essa batalha foi uma das mais representativas na história dos conflitos militares porque o exército de Alexandre lutava em número muito menor de soldados. O terreno plano, atual Irã, favorecia as tropas de Dario.

Vários aspectos podem ser considerados para explicar a emblemática vitória, entre eles, o fato de que o exército de Alexandre tinha melhor treinamento. Eram profissionais da guerra. Lutavam pela sua pátria enquanto o grupo de Dario era formado, sem unidade alguma, por vários povos e escravos. Mas o fator decisivo da Batalha de Gaugamela foi a escolha de Alexandre em realizar um rápido movimento avançando em diagonal no campo de batalha e abrindo espaços nas tropas de Dario. Essa movimentação foi decisiva para a vitória. A manobra envolvente, como foi chamada, representou um avanço na estratégia militar e influenciou generais por séculos.

A manobra envolvente foi o recurso tático para o desdobramento da estratégia de Alexandre.

Quero relacionar esse movimento de Alexandre com a gestão de carreiras.

Como premissa desta análise, não posso deixar de referir que os profissionais mais bem-sucedidos que conheci tiverem uma estratégia de carreira e reflexões estruturadas sobre os seus passos profissionais. A estratégia “deixa a vida me levar” não costuma trazer resultados satisfatórios.

Tenho insistido na visão de que as atividades profissionais serão cada vez mais especializadas. Estamos na era da hiperespecialização, conceito defendido por Thomas Malone, professor do MIT.

Mesmo no nível de alta gestão, as funções exigem alto domínio técnico. As empresas querem pessoas com profundidade naquilo que dominam para resolver os problemas de negócios que estão cada vez mais complexos. Não é concebível um diretor financeiro que não seja um especialista na área. Mesmo no nível de diretoria, ele precisa impulsionar com conhecimento técnico a área. Existem exceções, mas o fluxo principal de contratações e promoções é composto por pessoas com conhecimentos e histórico sólidos.

Essa questão está diretamente ligada ao “core competence” da carreira. Considerando a ideia de que o mercado busca profissionais altamente especializados, a manobra envolvente de carreira seria a busca de novos conhecimentos que representam tendência do mercado dentro da área do profissional. A busca de conhecimento que possa gerar diferencial na área em que trabalha. O movimento em busca desse conhecimento diferenciado aumenta a vantagem competitiva do profissional. Como exemplo, o profissional de Recursos Humanos que percebe a tendência do mercado em contratar pessoas com habilidades em análise de dados e estatísticas, o chamado People Analytics.

Outro exemplo foram os profissionais de Finanças que exploraram a onda da abertura de capital das empresas e se especializaram em IPO.

A questão central é a identificação de conhecimentos e habilidades que possam expandir a área de atuação, sem perda do foco. Outro exemplo são os profissionais de Marketing que souberam explorar as oportunidades geradas pelo mundo digital. Essa manobra de carreira gera enorme vantagem competitividade sobre outros profissionais, inclusive mais experientes. Em resumo, a manobra envolvente é composta pela manutenção do foco numa área e a pesquisa das tendências de conhecimento para estar na frente das demandas de mercado. Todas as áreas têm suas novidades e tendências. É necessário desenvolver esses conhecimentos na busca por diferenciação.

Nos últimos anos, as posições para profissionais da área da Qualidade diminuíram, mas os que tinham os conhecimentos técnicos nas ferramentas black belt encontraram muitos espaços.

A manobra envolvente de carreira para buscar esse conhecimento significa sair da zona comum. O efeito colateral da hiperespecialização é tornar os profissionais muito parecidos. A estratégia militar desenvolvida por Alexandre, traçando o paralelo com os tempos atuais, representa a zona de expansão do foco, gerando diferenciação e ganhos de competitividade.

A projeção para os próximos anos não é animadora no mercado de trabalho. O Brasil, mais uma vez, perdeu a oportunidade de construir um projeto consistente de crescimento. A incapacidade de gestão parece brotar com força no solo de Brasília.

Nesse cenário pouco abundante, a busca dos conhecimentos que representam a tendência da área ganha mais força.

E se me permitirem um conselho, talvez o mais precioso em tempos de retração, seja seguir Alexandre e reproduzir a manobra envolvente.

 Rafael Souto é sócio-fundador e CEO da Produtive Carreira e Conexões com o Mercado

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