As oportunidades de 2016 – VOCÊ S/A
Artigo de Rafael Souto publicado na edição de abril da Você S/A:
Enquanto as grandes empresas cortam, as pequenas e médias aproveitam profissionais altamente qualificados e disponíveis no mercado
Rafael Souto é fundador e CEO da consultoria Produtive, de São Paulo. Atua com planejamento e gestão de carreira, programas de demissão responsável e para aposentadoria
O ano de 2015 foi para entrar e medir o tamanho do buraco que a economia brasileira se enterrou. E não foi raso. Mais de 3% de queda no PIB num cenário típico de tempestade. Mas o desemprego crescente talvez seja nosso maior problema. O elevado índice de desocupação é o drama central das sociedades modernas. Aniquila a confiança, destrói famílias e gera uma tensão social perigosa. Não vou pintar um quadro otimista, porque me faltarão dados para pincelar. Poucas notícias boas, num mar de desconfiança sobre o futuro.
Porém, nesse início de ano, observei mudanças importantes no fluxo de contratações. As empresas começaram a entender o cenário grave que estamos e a paralisia que atormentou a todos parece estar pendendo força. Os tomadores de decisão compreenderam que não adianta só cortar. É preciso fazer algo diferente, e isso pode significar mudar pessoas. É como se o susto e a frustração com o diagnóstico tivessem sido assimilados. Agora temos de lidar com o problema. Entramos numa nova etapa: a definição do que fazer para obter resultados nesse contexto econômico. Em uma análise das 663 posições pesquisadas pelo meu grupo nos dois primeiros meses deste ano, notamos que apenas 5% são de vagas novas. A imensa maioria é de substituição – ou seja, estamos mudando pessoas para tentar mudar os resultados.
A crise expõe as fragilidades mascaradas nas épocas de ganhos mais fáceis. Na maré baixa, as pedras aparecem e os mais competentes se destacam. Essa é a chave de 2016. Enquanto as multinacionais estão mexendo no orçamento e reduzindo com força, observo empresas pequenas e médias aproveitando profissionais altamente qualificados e disponíveis. Hoje, elas podem escolher pessoas que até pouco tempo não conseguiriam sequem atrair.
Há alguns anos vivíamos o “apagão de talentos”. A tônica era reclamar da falta de gente para preencher vagas. Agora estamos com excelentes profissionais disponíveis. Contratar pessoas qualificadas é a estratégia para conseguir extrair resultados numa economia cambaleante. É certo que teremos que conviver com ciclos de recolocação mais longos e lidar com redução de salários. Somos um país com 200 milhões de habitantes e com muito por fazer.