As empresas perdem os seus empreendedores


A inovação é peça fundamental para uma empresa se manter atualizada, competitiva e se tornar bem-sucedida. Porém, não é somente de inovação tecnológica que falamos, mas de ideias, processos e projetos que surgem do intraempreendedorismo. Em seu novo artigo para o Valor Econômico, Rafael Souto, CEO da Produtive, explica que, para inovar, as companhias precisam criar sistemas mais fluidos e menos hierárquicos que permitam aos funcionários gerir suas ideias.

A acelerada transformação que todas as empresas estão imersas exige um novo perfil de profissional. Ou pelo menos, um grupo de pessoas. O ano de 2020 mostrou que a capacidade de inovar mais rápido e se adaptar a novas exigências do mercado é um fator de sobrevivência. Empresas mais ágeis e com capacidade de adaptação se destacaram. Para essa caminhada, é necessário o empreendedorismo corporativo: a habilidade de agir na companhia como se fosse o dono do negócio.

Também chamado de intraempreendedorismo, essa ideia surgiu no final dos anos de 1980. E ganhou força no século XXI com a necessidade de buscar soluções ágeis para as mudanças no mercado. Na prática não é algo fácil de realizar.

Construir uma cultura que permita-o é muito mais do que discursos simpáticos sobre inovação. Um dos casos mais emblemáticos de um empreendedor corporativo bloqueado pelas mazelas da organização é o engenheiro Steven Sasson, da Kodak. Ele criou a máquina digital.

Diante das barreiras internas, não conseguiu implementar seu projeto. A cultura recheada de bloqueios e escolhas que protegem mais a agenda de alguns executivos do que o melhor para o negócio fez com que a companhia sucumbisse. E esse drama está presente na maior parte das empresas.

A recente pesquisa feita pela consultoria global Gartner, com mais de 500 profissionais ao redor do mundo, mostrou que 78% dos entrevistados não se sentem encorajados pelos seus líderes a explorar novas possibilidades para suas carreiras e para o negócio. São abafados diariamente pela pesada agenda corporativa de seus chefes. Para quase 80% dos profissionais, a mensagem implícita é não arriscar. Ainda mais se os resultados de curto prazo estiverem ocorrendo.

O professor e chefe da área de estudos sobre empreendedorismo da Babson College, Andrew Corbett, escreveu um brilhante artigo em que relata os mitos do intraempreendedorismo. Na visão de Corbett não basta ter pessoas com perfil empreendedor para que a empresa possa inovar. Precisa criar mecanismos para que as mentes disruptivas não fiquem reféns de uma área ou líder.

Os estudos de Corbett mostram que as empresas possuem muitos profissionais similares ao engenheiro da Kodak. Pessoas que têm boas ideias e que não conseguem avançar, não sabem fazer o jogo corporativo e são esmagadas pelo sistema. O tenso equilíbrio entre o empreendedorismo e o ambiente corporativo leva a perda de talentos e de projetos inovadores. Não devemos pensar em empregos de inovação, mas em carreiras que permitam às pessoas contribuírem independentemente das suas áreas e agir de modo empreendedor.

A governança do processo de inovação precisa estar adiante do organograma tradicional – ser mais fluida e menos hierárquica. Para que o empreendedorismo aconteça, a organização precisa preparar a liderança e criar uma cultura de inovação disposta a comprometer recursos de todo o sistema. Uma estrutura com interfaces entre diferentes partes da empresa, que incorpore os processos, as ferramentas, as métricas e as recompensas necessárias para ciclos de inovação, que levam mais tempo do que a inovação incremental de produtos.

Os dados mostram que o dia a dia das empresas tende a fazer o empreendedor interno sucumbir. E provavelmente ele terá dois caminhos. Um é se acostumar com o sistema e parar de inovar. No melhor jargão corporativo isso significa estar “alinhado” como seu gestor. Ou optar pelo caminho da demissão e ir para o mercado. E, talvez, abrir uma startup promissora que, no futuro, tenha boas chances de ser adquirida pelo dinossauro que o expeliu.

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